Frei Betto: “Jesus Cristo veio nos trazer um novo projeto político”

Frei Betto falou sobre a sua produção intelectual, o papel da religião e da política, o atual cenário sociopolítico do país e o conceito da "globocolonização"

Frei Betto
Frei Betto (Foto: Divulgação)


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247 - Frade dominicano, jornalista, escritor e um dos intelectuais mais eminentes do país, Frei Betto é o entrevistado do programa Literatura & Pensamento Crítico desta semana.

Durante a conversa, que foi conduzida pelo também escritor e jornalista Cesar Calejon, Frei Betto falou sobre a sua produção intelectual, o papel da religião e da política, o atual cenário sociopolítico do país e o conceito da "globocolonização".

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Lançando três novos livros, que se chamam Tom Vermelho do Verde, Jesus Militante e o Estranho dia de Zacarias, Frei Betto segue a sua luta por emancipação popular. Segundo ele, essa era a principal causa do próprio Cristo.

“Jesus (Cristo) não veio nos trazer uma religião, o cristianismo, nem uma igreja, a igreja cristã. Ele veio nos trazer um novo projeto político, que ele denominava ‘reino de Deus’. Nos quatro evangelhos, a expressão ‘reino de Deus” aparece 122 vezes na boca de Jesus e a expressão ‘igreja’, apenas duas vezes e, ainda assim, em um único evangelho, o de Mateus. No entanto, fala-se muito de igreja e pouco no reino de Deus”, explica.

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“Até porque”, prossegue ele, “as igrejas, cumpliciadas com o poder, acabaram colocando esta noção do outro lado da vida, como se o reino de Deus fosse algo a ser alcançado somente após a morte. Na cabeça de Jesus, isso era um projeto civilizatório baseado em dois pilares: o amor, nas relações pessoais, e a partilha dos bens, nas relações sociais. Exatamente por isso, Jesus foi cruelmente assassinado na cruz. (...) Ou seja, toda a militância de Jesus foi para o empoderamento dos pobres, dos excluídos, das mulheres. Tudo isso está ressaltado em um dos textos mais primitivos da comunidade cristã, que é o evangelho de Marcos.”

Ainda segundo o escritor, “a direita sempre utilizou a religião para consolidar a sua opressão e o seu poder. Isso vem desde o século IV, quando o cristianismo, que havia surgido trezentos anos antes, passa a minar as bases do Império Romano, que veio abaixo. O imperador Constantino, que foi o último deles, tentando estender a prevalência do império, deu um golpe: fez-se de cristão, assim como faz o (Jair) Bolsonaro. Constantino cooptou a igreja e deu aos bispos a dignidade de príncipes, o que durou ao longo de toda a Idade Média. (...) A igreja tornou-se cúmplice do poder e ejetou o reino de Deus para os céus. A partir do século XX, a igreja descobre a classe operária, se irmana com os mais pobres e esse processo começa a mudar, quando surge, por exemplo, a Teologia da Libertação”.

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Em uma hora de entrevista, Frei Betto também abordou diversos assuntos correlatos à vida sociopolítica do país e ao desenvolvimento da sociedade internacional, de forma mais ampla.

“Não existe globalização, o que existe hoje é a ‘globocolonização”. Ou seja, a colonização do planeta por um modelo de sociedade consumista, hedonista, altamente devastador em relação à natureza e aos povos periféricos”, conclui.

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