Florence Poznanski: se Mélenchon vencer, a França sairá da Otan

Dirigente do Partido de Esquerda francês explicou cenário eleitoral do país e detalhou programa político de Jean-Luc Mélenchon

Jean-Luc Melenchon, da França Insubmissa
Jean-Luc Melenchon, da França Insubmissa (Foto: Reuters)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS INTERNACIONAL desta quinta-feira (07/04), o jornalista Breno Altman entrevistou a cientista política e dirigente do Partido de Esquerda da França, Florence Poznanski. 

Integrante do comando da União Popular, a coalizão de Jean-Luc Mélenchon, ela discorreu sobre o cenário político do país, que celebrará suas eleições presidenciais no próximo domingo (10/04).

continua após o anúncio

Atualmente, o candidato da esquerda encontra-se em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, que apontam um segundo turno entre o presidente Emmanuel Macron e a candidata de extrema direita Marine Le Pen. 

“Nenhuma pesquisa colocou por enquanto Mélenchon em segundo lugar, mas há um elemento fundamental que é difícil de medir que a abstenção. Essas pessoas que ainda não sabem se vão ou não votar, e em quem, vão ser decisivas”, destacou a dirigente. Ela ressaltou a importância de convencer essa camada, que é composta principalmente por jovens e populações marginalizadas, “que é a que mais se veria beneficiada pela política de Mélenchon. Até porque a abstenção sempre ajuda a direita”.

continua após o anúncio

Poznanski não quis comentar a estratégia do partido caso se concretize um segundo turno entre Macron e Le Pen. Para ela, o importante é se mobilizar agora para que essa situação não ocorra, superando a candidata direitista, já que “seu programa é um grande retrocesso que temos que evitar que chegue ao poder”.

Nesse sentido, ela criticou a estratégia do atual presidente, apesar de dizer que “dá para entender” o motivo. A dirigente afirmou que Macron quer disputar o segundo turno contra Le Pen, até porque o programa neoliberal e o fascista “têm muitas das mesmas bandeiras”.

continua após o anúncio

Assim, para evitar o cenário que se prevê de momento, ela detalhou o programa político de Mélenchon: a convocação de uma Assembleia Constituinte “para reconstruir o pacto coletivo com a população e permitir que cada um tenha seu lugar” e a defesa de uma política ecossocialista com grande planejamento público e revolução fiscal para financiar esse projeto. A nível internacional, “precisamos construir relações unitárias não alinhadas”.

“Uma das nossas propostas, se ganharmos as eleições, é retirar a França da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Identificamos na Organização das Nações Unidas (ONU) uma estrutura que queremos fortalecer, mas não temos motivos para participar da Otan”, contou.

continua após o anúncio

Conflito na Ucrânia

O conflito na Ucrânia tem um importante papel nessa decisão. Poznanski afirmou que é preciso estar atento para evitar distorções e retrocessos.

“Vimos que fomos incapazes de impedir que essa situação acontecesse, não conseguimos dialogar e agora estamos diante dessa ação intolerável de [Vladimir] Putin que estamos tentando mitigar para evitar mortes e proteger os outros países de impactos sobretudo econômicos e políticos”, reforçou.

continua após o anúncio

Na França, ela disse que o cenário internacional está beneficiando Macron, já que ele está usando a situação para evitar fazer campanha. “A gente sabe que sempre que ele fala de seu programa perde votos, então para ele é vantajoso. Ele ainda sai por cima dizendo que será presidente quando necessário e candidato quando puder”, sublinhou a dirigente.

Por outro lado, o conflito também está evidenciando atitudes belicistas por parte de candidaturas de esquerda, como é o caso do Partido Ecologista, que defende o envio de armas à Ucrânia. 

continua após o anúncio

“Nós da União Popular defendemos que precisamos sempre buscar negociações, mas não bilaterais como vem fazendo Macron, que ora fala com Putin, ora fala com [Volodymyr] Zelensky. Sozinho ele não tem força. Precisamos convocar uma conferência extraordinária sobre segurança das fronteiras em que todos os países podem apresentar suas demandas. Nós também somos a favor das sanções, mas não necessariamente as que afetam o povo russo. Elas deveriam ser direcionadas aos oligarcas, aos detentores do poder, até porque nem todo o povo russo está a favor da invasão”, discorreu Poznanski.

Apesar de admitir problemas no desligamento da Rússia ao sistema Swift, a dirigente argumentou que as sanções são necessárias “para equilibrar a relação de forças e proteger a economia europeia”.

continua após o anúncio

Para ela, o conflito ainda está evidenciando a necessidade da França se converter em uma “soberania não alinhada”, já que a Europa está sofrendo com o desabastecimento, principalmente do ponto de vista energético. 

“Não queremos, porém, contribuir para o fortalecimento dos EUA pela Otan, ou para a dependência da Europa aos EUA. Também não vamos apoiar de forma unilateral nem a Rússia, nem a China. Queremos realizar cooperações políticas e culturais, mantendo a coerência dos equilíbrios políticos mundiais, inclusive estabelecendo relações com a América Latina, já que temos a Guiana Francesa”, frisou.

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247