Fernanda Melchionna: vitória de Haddad em São Paulo é importante para desbolsonarizar Brasil

Deputada federal eleita pelo PSOL gaúcho afirma que partido será linha de frente do combate à extrema direita no Congresso Nacional; veja vídeo na íntegra

(Foto: Michel Jesus - Câmara)


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Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - A deputada federal eleita pelo PSOL do Rio Grande do Sul Fernanda Melchionna acredita que a eleição de Fernando Haddad para o governo de São Paulo e a investigação dos financiadores das fake news são meios importantes de contenção da extrema direita neofascista no Brasil. “Eles bolsonarizaram o Estado, usaram o Palácio do Planalto para criar o gabinete do ódio. Tirar a caneta de suas mãos vai enfraquecê-los muito, mas o bolsonarismo não vai acabar por si. Vamos ter que exigir investigações sobre os financiadores das fake news”, afirmou, em entrevista para Breno Altman no programa 20 MINUTOS desta terça-feira (25/10). “A eleição de Haddad em São Paulo é muito importante, vamos fazer o possível para elegê-lo”, diz, sobre os desafios de curtíssimo prazo. 

Outra prioridade envolve enfrentar resquícios da ditadura civil-militar de 1964 que não foram removidos pelos governos progressistas no período de redemocratização: “Vamos ter que revogar entulhos autoritários que foram aproveitados para bolsonarizar o Estado por dentro. Bolsonaro não conseguiu porque houve resistência, mas colocou reitor interventor nas universidades, por exemplo. Isso não existe”. 

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Impressionada com a capacidade de comunicação em massa do neofascismo bolsonarista, Melchionna projeta o embate do próximo domingo e os anos que virão, em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva: “Vai ter o terceiro turno, não por nossa vontade, mas porque a extrema direita está organizada, com tentáculos de guerra de trincheiras. Nós temos que organizar nossas trincheiras. Como disse Guilherme Boulos, é a eleição das nossas vidas, da nossa geração”.

No que depender da deputada eleita, o PSOL não fará parte de um eventual terceiro governo Lula. A tarefa do partido, segundo ela, será organizar uma oposição responsável à esquerda do PT e da frente ampla, que denomina “policlassista”. Isso não significará, garante, um alinhamento com posições da direita e do Centrão no Congresso Nacional.  

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“O PSOL não deve estar em ministérios. pelo caráter de conciliação de classes do governo, mas deve ser linha de frente do enfrentamento da extrema direita e na defesa de medidas importantes para a vida do povo brasileiro.” Em reação ao grau de organização que a extrema direita vem conquistando desde 2013, o caminho é afirmar um programa anticapitalista que ajude a melhorar a correlação de forças em favor dos trabalhadores. “A situação do país é defensiva. Pode virar reacionária se Bolsonaro vencer, o que é gravíssimo”, resume.

Neste ano, o PSOL abriu mão de lançar uma candidatura presidencial própria e se aliou já no primeiro turno a Lula e ao partido ao qual tanto se opôs desde sua fundação, em 2003, a partir de uma dissidência do próprio PT. “Comecei a participar lutando contra as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, e nesta eleição o PSDB fez menos votos que o PSOL. A extrema direita sugou essa base eleitoral e tem uma agenda econômica antipovo. Esta não é uma eleição qualquer”, a militante justifica. “Lula é um instrumento poderoso para vencer Bolsonaro”, interpreta o momento atual.

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Altman confrontou Melchionna pela posição de sua ala no partido, de evitar classificar como golpe o impeachment de Dilma Rousseff. “Para nós nunca foi um problema definir como golpe parlamentar e condenar o impeachment. Mas era preciso apresentar uma alternativa”, argumenta. Em 2016, a tendência interna Movimento Esquerda Socialista, a que ela e Luciana Genro pertencem, apregoou convocação imediata para nova eleição. “Se tivesse se chamado eleições gerais e Lula concorresse, porque não estava impedido, ele teria se elegido, e talvez a gente não tivesse visto um processo como o de Bolsonaro”, conclui.

Sobre a simpatia inicial de setores do PSOL pela Operação Lava Jato, Melchionna responde: “A Lava Jato enganou muitas pessoas, mas nós temos claro que a condenação de Lula em 2018 foi fraude eleitoral. Nenhum setor do PSOL pensou diferente disso”. As divergências com o PT se aprofundaram, em seu ponto de vista, pela adesão dos governos petistas ao modus operandi do status quo político. “É óbvio que teve muitas melhorias em comparação com os governos tucanos. Com o governo Bolsonaro, nem se fala. Mas não estamos comparando com Bolsonaro, e sim com um programa alternativo, de taxação das grandes fortunas e de enfrentamento ao sistema financeiro”, demarca. Para ela, as medidas de austeridade ao gosto do capital fizeram o PT se afastar de sua base social, e uma nova experiência nesse mesmo sentido pode retroalimentar a extrema direita eleitoralmente.

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Sobre a eleição deste domingo, Fernanda Melchionna afirma adotar uma postura de sobriedade, nem desanimada, nem de salto alto. “Conhecendo o inimigo, não dou sorte para o azar. Estou militando como louca. Não podemos sair das ruas, que é o que eles querem”, aconselha.

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