Chanceler brasileiro diz que Brasil busca "equilíbrio construtivo" entre Rússia e Ucrânia
Mauro Vieira também criticou o que chamou de “cancelamento” da Rússia pela comunidade internacional
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Agência Câmara – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira (24) na Câmara dos Deputados que o Brasil adota um “equilíbrio construtivo” na posição sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, ao mesmo tempo condenando a invasão do território ucraniano e criticando o que chamou de “cancelamento” da Rússia pela comunidade internacional, o que dificultaria o diálogo pelo fim da guerra.
O chanceler foi questionado pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) sobre o posicionamento do governo Lula em relação ao conflito Rússia-Ucrânia. “Vemos a hesitação do nosso corpo diplomático em reuniões como, por exemplo, a do Conselho de Segurança das Nações Unidas de condenar, com mais veemência, o que a Rússia tem feito contra a Ucrânia. Também a própria postura do presidente Lula, que virou praticamente um isolado pária internacional na reunião do G-7, no que diz respeito à conversa com o presidente Zelensky, que acabou não acontecendo”, disse o deputado.
O deputado General Girão (PL-RN) classificou como dúbia a posição do presidente da República sobre a guerra. Em resposta, o ministro Mauro Vieira reiterou que o presidente defende a paz e a negociação entre os dois países.
Mercosul e União Europeia – Convidado pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara para falar sobre as prioridades da Pasta, o ministro afirmou que é possível assinar, até o fim do ano, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mas acrescentou que o governo está examinando um documento enviado pelos europeus com novos itens ambientais, que, segundo ele, desequilibram as negociações.
“Desejamos um instrumento equilibrado, com ganhos concretos para ambos os lados, tanto em matéria de comércio como de investimentos. Ao mesmo tempo, não aceitamos que o meio ambiente – preocupação legítima e que compartilhamos – seja utilizado como pretexto para exigências despropositadas, para a adoção de medidas de viés protecionista ou, no limite, para retaliações descabidas”, observou.
Ex-ministro do Meio Ambiente, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) cobrou posição mais firme do governo para que o Brasil não seja taxado como “vilão ambiental” e para que os países desenvolvidos paguem o que foi prometido pelos créditos de carbono.
“Essas negociações, que utilizam o desmatamento como argumento de protelação ou não consecução de acordos, escondem o real problema do tema de mudanças climáticas que são os combustíveis fósseis. Cada vez que nós deixamos a negociação internacional resvalar dentro da área ambiental no tema desmatamento, nós estamos deixando de lado aquilo que eles não querem discutir, que são as emissões decorrentes de combustíveis fósseis. O grande problema das mudanças climáticas não tem nada a ver com o desmatamento da Amazônia, é combustível fóssil”, disse Salles.
Unasul e Celac – Alguns parlamentares, como o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), criticaram o reingresso do país na União de Nações Sul-Americanas (Unasul), pelo fato de o grupo reunir países considerados não democráticos.
O chanceler Mauro Vieira lembrou que o País já se reintegrou à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e defendeu a Unasul, dizendo que muitas crises foram resolvidas no âmbito do grupo. Ele lembrou o compromisso de Lula – durante a campanha eleitoral – de revalorizar a integração regional.
“Estamos cientes de que há diferentes expectativas e visões na região em relação à integração, mas estamos também convencidos de que há denominadores comuns, a começar pelo reconhecimento da necessidade de trabalhar conjuntamente com nossos vizinhos imediatos para fazer frente aos múltiplos desafios que compartilhamos”, disse Vieira.
G-7 e OCDE – O ministro das Relações Exteriores apontou esforços do governo brasileiro em ações de política externa: informou que ele já se encontrou com 90 interlocutores estrangeiros e que o presidente Lula teve conversas com representantes de 30 países. Ele evidenciou a participação do país na reunião do G-7, em Hiroshima, no Japão, negando que o Brasil tenha ficado isolado nas discussões.
O titular do Itamaraty também citou negociações com os países sul-americanos sobre segurança das fronteiras e com os Estados Unidos sobre mudanças climáticas. Ainda destacou a questão amazônica como um tema estratégico e ressaltou que o governo está examinando a proposta, que ele classificou como “complexa”, de ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
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