Caio Blat: Bolsonaro legalizou mamata, mensalão e petrolão

Ator estreia como diretor do filme O Debate, com objetivo de retomar a discussão política interrompida por quem se coloca como antipolítica; veja vídeo na íntegra

O ator Caio Blat e Jair Bolsonaro
O ator Caio Blat e Jair Bolsonaro (Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF | Marcos Corrêa/PR)


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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi  - O ator Caio Blat colocou em cartaz nos cinemas O Debate, sua estreia como diretor de cinema, no mesmo dia da entrevista do candidato Luiz Inácio Lula da Silva ao Jornal Nacional e três dias antes do primeiro debate presidencial na TV, pela Band. Trata-se de um filme político ambientado nos bastidores televisivos durante o processo eleitoral de 2018, e denota o engajamento político do diretor.

“O que o governo atual fez foi legalizar a mamata, em vez de acabar com ela. Tem uma coisa lá em Brasília que se chama orçamento secreto, que é a legalização do mensalão, do petrolão”, afirmou ele no programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (26/08), com o jornalista Breno Altman, em respeito à guerra declarada pelo presidente Jair Bolsonaro contra a cultura e a comunidade artística brasileira.

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Produzido e roteirizado pelos também diretores Jorge Furtado e Guel Arraes, O Debate remonta não só ao passado recente, mas também à retomada democrática de 1989, à edição controversa do debate entre Lula e Fernando Collor na Rede Globo e à eleição e impeachment traumático de Collor. Recorre a recursos de ficção, opondo um casal de jornalistas em processo de separação.

Paula (Débora Bloch) é apresentadora de um telejornal e reivindica que a emissora assuma de forma aberta o combate ao candidato de extrema direita que tenta a reeleição. Marcos (Paulo Betti), o editor do telejornal, embora não goste do presidente, defende uma posição supostamente isenta na cobertura eleitoral. 

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“Nosso filme entra pouco nas questões políticas e nos problemas gigantescos do país. É muito anacrônico ter que defender as urnas, a ciência e as vacinas em 2020, parece coisa do século 18. A gente tem que ficar saindo do debate político para debater absurdos que ocuparam a pauta”, lamenta.

O Debate é a adaptação de uma peça teatral escrita por Arraes e Furtado durante a pandemia, e coloca foco não só na política, mas também nos dilemas do jornalismo na cobertura político-eleitoral e no comportamento da mídia local em anos recentes. “A imprensa está num bom momento de fazer uma análise da sua participação ou interferência na nossa democracia, que é tão jovem”, justifica Blat.

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“Nosso filme fala muito sobre denúncias de corrupção que viram escândalo e desviam o foco de vários outros assuntos. A imprensa deu muita bandeira para delegados e juízes que, hoje está comprovado, eram tendenciosos e estavam mal-intencionados”, prossegue, referindo-se indiretamente à Operação Lava Jato. 

“Isso espalhou a sensação de que todos são iguais e corruptos e a política não tem saída, o que levou à ascensão desses fascistóides populistas que se colocam como antipolítica, quando na verdade são o pior da política há muito tempo.”

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A proposta de reavaliação do papel da imprensa se estende também para aspectos positivos, ao tratar da atuação jornalística durante a crise sanitária: “Na pandemia ficamos dependentes da imprensa, foi só ela que salvou os brasileiros de um governo obscurantista e negacionista. Ela é capaz de nos salvar, e também de distorcer os fatos”. 

O Debate, descrito pelo diretor como um filme de baixo orçamento, de urgência e de guerrilha, foi produzido e finalizado em tempo recorde: “A partir do momento em que um exibidor teve a coragem de colocar em cartaz durante as eleições, tivemos 60 dias. Em dois meses a gente filmou, editou, mixou e lançou o filme”.

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Blat rebate a propaganda bolsonarista que demoniza os artistas e o financiamento público de arte e cultura via artifícios como Lei Rouanet e Lei do Audiovisual. A narrativa de que artistas são “mamateiros”, segundo ele, é uma fake news. 

“A Lei Rouanet tem que ser melhorada e fiscalizada, mas esse dinheiro não vai para o bolso do artista. Ele volta a mais para a sociedade, gerando não só cultura e conhecimento, mas também impostos e renda. Bolsonaro não consegue achar artistas de qualidade que o defendam, então o que faz é acabar com a arte”, argumenta, acrescentando que "aí vêm esses artistas sertanejos que o apoiam, que falam contra a lei ,e a gente descobre que estão recebendo verba pública das prefeituras.”

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Apesar de Bolsonaro, o ator e diretor classifica a produção audiovisual brasileira como pujante, e cita o advento simultâneo de três atores de sua geração na direção, com filmes essencialmente políticos: Medida Provisória, de Lázaro Ramos, e Marighella, de Wagner Moura, e O Debate. Reivindica políticas de Estado que possibilitem o acesso a filmes e séries nacionais produzidos com dinheiro público: “Existe muito incentivo para fazer o filme, mas depois ele vira um produto de mercado, vai concorrer com outras produções. Tem que ter algum incentivo, principalmente nas telas de streaming, onde começa uma concorrência desleal com filmes gringos”.

Seu exemplo de política bem-sucedida em favor do conteúdo nacional é o Ponto Cine, na periferia do Rio, que se tornou um exibidor preferencial para o cinema nacional: “Fazia acordo com escolas e patrocinadores, que pagavam ingresso para as crianças verem os filmes. Vivia lotado. Na pandemia, ele fechou”. O ator vai prosseguir na nova atividade e se prepara para dirigir a cinebiografia da atriz Cacilda Becker, que deverá ser interpretada por Marjorie Estiano.

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Dizendo identificar-se de modo alternado com posições das duas personagens de O Debate, Caio Blat declara voto aberto em Lula, já no primeiro turno: “Temos que voltar algumas casas para retomar a discussão política democrática no país. Neste ano é todo mundo contra o fascismo, vamos eleger Lula, voltar às regras do jogo. A gente elege para no dia seguinte começar a criticar e cobrar”.

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