Bruno Torturra: Brasil não pode conciliar com criminosos do bolsonarismo

Impunidade manterá democracia em risco, e novas lideranças terão que dialogar com trabalhadores precarizados, diz jornalista; veja vídeo na íntegra

Bruno Torturra
Bruno Torturra (Foto: Reprodução)


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Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - O jornalista Bruno Torturra, idealizador da rede Mídia Ninja, afirma que a superação do transe neofascista no Brasil só se completará se os crimes do bolsonarismo forem julgados e punidos, ao contrário do que aconteceu na redemocratização após 21 anos de ditadura civil-militar. 

“Na história, os fascistas, em geral, não vão embora nas urnas, mas depois de tragédias grandes”, lembrou ele em conversa com o jornalista Breno Altman, no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (27/10). 

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Segundo ele, há uma "lista gigantesca de crimes contra a humanidade, o patrimônio público, a vida, a saúde pública, o erário brasileiro. Se a gente acomodar esses criminosos vai estar brincando de democracia de novo, e 2026 está aí para os caras se reorganizarem".

Pioneiro nas transmissões jornalísticas de manifestações por streaming e editor-chefe do programa Greg News, Torturra não vê conflito ou oposição entre a campanha eleitoral nas ruas, especialidade de Luiz Inácio Lula da Silva, e a guerrilha montada por Jair Bolsonaro pelas redes sociais. 

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A volta da esquerda às ruas, após anos de debilidade desde as Jornadas de Junho de 2013, sinaliza uma virada positiva: “as manifestações de rua são produtoras da experiência subjetiva real. Depois de quatro anos de repressão psicológica, a campanha antibolsonaro tem produzido imagens e experiências muito decisivas”.

Por outro lado, essas imagens impulsionam a esquerda no mundo virtual, no qual o bolsonarismo mantém a vanguarda. “No digital, o analógico se multiplica exponencialmente, e as coisas se juntam de maneira ótima. Ocupa a rede de maneira real, com exemplos analógicos. O mundo real é mais forte que o meme”, contrapõe.

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Torturra encara o próximo período, em caso de vitória de Lula, como de transição, comparável ao que aconteceu no final da ditadura de 1964. “A direita já fez essa transição, a esquerda não fez. A geração que redemocratizou este país está se aposentando, quem vai se apresentar?”, questiona. 

O jornalista tenta interpretar a dianteira atual do neofascismo no ambiente digital, não apenas no Brasil, mas em nível global, a partir da ascensão de um sujeito de direita que é receptor e emissor de mensagens curtas, escandalização e fake news.

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Na trincheira oposta, o campo progressista está acostumado à militância em terra firme e tem de se adaptar aos grupos de WhatsApp e Telegram, a direção contrária àquela em que o fascismo digital se desenvolveu. 

Para as gerações pós-internet, o discurso clássico de esquerda soa anacrônico. “Não se trata de mudar as pautas, mais relevantes que nunca. A forma de falar é que precisa encontrar mais eco na vida real das pessoas. A esquerda tradicional tem um linguajar e um vocabulário muito estreitos, que o fascismo explora de maneira desonesta”, opina Torturra.

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Futuro da comunicação

Atualmente à frente do Estúdio Fluxo de Jornalismo, ele defende que o campo progressista se liberte da moderação liderada pelo PT e se radicalize, não na mesma direção da extrema direita, mas produzindo slogans legítimos, de comunicação fácil e direta. “Precisamos de uma linguagem explosiva, assertiva. Não é ‘morte ao fascismo’ ou ‘não passarão’, mas 'vamos trabalhar menos e ganhar mais’, que tal? Isso é bombástico”, exemplifica. 

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Presente nas manifestações de junho de 2013, o jornalista discorda das interpretações que associam a elas o início da ascensão bolsonarista. “É muito cômodo para um campo da sociedade brasileira, sobretudo de esquerda, tacar a culpa em junho. É simplista e não dá conta da complexidade. Bolsonaro tem raízes desde o descobrimento", disse.

No campo do jornalismo, Bruno Torturra lamenta a supremacia atual da opinião sobre a reportagem: “o que repercute mais hoje são os colunistas lendo as notícias e dando opinião. A Jovem Pan é só opinião”. 

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"Sites como Agência Pública, Repórter Brasil e Amazônia Real produzem furos de reportagem sucessivos sobre as pautas mais importantes do país, como trabalho escravo, violência policial, ruptura democrática, Exército, desmatamento. A audiência é muito pequena”, lamenta. 

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