Breno Altman: PT tem de reconquistar trabalhadores de renda média

Setores intermediários foram fundamentais na construção do partido e esperam propostas concretas de Lula sobre impostos, saúde e educação; veja vídeo na íntegra

Breno Altman e Lula carregado pelo povo
Breno Altman e Lula carregado pelo povo


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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - Ao promover forte inclusão social entre os mais pobres e deixar intocados os lucros dos muito ricos, os governos petistas transmitiram uma impressão de exclusão aos trabalhadores que ganham de dois a 10 salários mensais, justamente aqueles que estiveram nas origens da construção do Partido dos Trabalhadores. 

Para o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, assalariados de maior renda da classe trabalhadora e e os das classes médias podem e devem ser reconquistados pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.

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“Tanto para ganhar as eleições quanto para construir governabilidade, o PT precisa se reencontrar com sua origem, que está nos trabalhadores de maior renda, nos trabalhadores formais, no Sul e no Sudeste”, afirma, argumentando que a transformação do Brasil pressupõe colocar num mesmo bloco os mais pobres, que ganham abaixo de dois salários mínimos mensais, e os setores médios, de dois a dez salários mínimos. 

A campanha eleitoral, na opinião do jornalista, é um bom momento para começar a recompor essa relação. “Um governo de esquerda não transforma o país com uma aliança entre os pobres e os super ricos. Isso é uma inviabilidade estrutural, porque os super ricos não querem a transformação do país", disse. Eventuais alianças com os mais ricos são transitórias e pouco confiáveis: 

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O jornalista alicerça seu argumento em pesquisa de intenção de votos publicada pelo instituto Datafolha em 14 outubro. Os resultados mostram que Lula vence Jair Bolsonaro por 58% a 36% entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos, mas perde em todas as demais faixas de renda. 

As proporções ficam em 41% a 53% entre quem recebe de dois a cinco salários mínimos mensais, 40% a 52% na faixa de cinco a 10 salários e 39% a 53% nos que ganham mais que 10 salários. “Lula está consolidado entre os mais pobres e não tem muito como crescer. A avenida por onde ampliar a votação é nos setores médios”, interpreta, citando, entre esses, trabalhadores industriais, funcionários públicos e sindicalistas.

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A pauta moral que domina os debates neste segundo turno, de acordo com Altman, é um desvio de rota promovido pelo bolsonarismo, que assim centra foco nas camadas mais pobres e o afasta das classes médias, aquelas que deveriam ser centralmente disputadas pela campanha petista.

“Os setores médios são menos vulneráveis à discussão moral e religiosa. Têm maior escolaridade e cosmopolitismo, são menos influenciáveis pelo fundamentalismo religioso. Querem um governo que tenha compromisso com a liberdade, a modernidade, os direitos civis e humanos”, avalia.

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Uma promessa de campanha de Lula que contempla tais setores é a de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais. Saúde, educação e moradia são outras áreas que atingem em cheio o cotidiano dos brasileiros das camadas médias, comprimidos por aumentos de preços acima da inflação e da renda.

O jornalista busca explicar a adesão menor dos pequenos empresários que compõem as camadas médias a Lula: "Bolsonaro tem maioria entre esses porque, pela lógica da economia capitalista, foram beneficiados pela reforma trabalhista. Pagam menos salários e direitos para seus dois ou três funcionários, então tendem a apoiar as posições mais contrárias aos direitos dos assalariados”. 

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Sobre a disputa eleitoral que se encerra em menos de duas semanas, Altman reforça: “a batalha fundamental é programática. É apresentar para os setores médios um núcleo programático que os redirecione aos trabalhadores mais pobres, numa aliança que permita ao PT construir maioria entre quem ganha de zero até cinco e, de preferência, até 10 salários mínimos”. 

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