Breno Altman: Bolsonaro agita o fantasma do golpe e confunde a esquerda

A estratégia de Bolsonaro, segundo o jornalista, é taticamente correta: “o que ele tem para mostrar ao país para a disputa de outubro? Tem um legado? Não tem”



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247 - O jornalista Breno Altman, em entrevista à TV 247, disse que a estratégia de Jair Bolsonaro (PL) para tentar vencer as eleições está pautada em uma narrativa capaz de confundir a esquerda, reforçando o discurso de “mal-estar da sexta República contra a República que emergiu da Constituição de 1988 e apodreceu”. “Esse mal-estar, parte dele, é capitalizado pela esquerda de uma forma difusa. Bolsonaro tenta capitalizar isso de uma forma objetiva através da sua confrontação contra o Supremo Tribunal Federal (STF). E isso tem um efeito especialmente no setor social que é dominante na base bolsonarista: a classe média. São os mais escolarizados, mais ricos, especialmente das regiões sudeste e sul do país”.

Embora não tenha a mesma força de 2018, a narrativa utilizada por Bolsonaro “contra o sistema” continua a ter certa capacidade de mobilização, explica o jornalista. “E aí ao que é que ele recorre? ‘O PT não pode voltar, a volta do PT é a corrupção, o PT pode voltar porque o STF é amigo dele e libertou o Lula, o sistema de Justiça opera a favor do PT’. Ele vai fazendo um combinado de imagem de tal maneira que consiga manter a mobilização dos setores médios”. 

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Altman destaca que a estratégia de Bolsonaro é empurrar o país para esta discussão, agitando o fantasma do golpe que, em sua análise, “desorganiza muitas vezes as próprias forças de esquerda que embarcaram nessa canoa”.

Para o jornalista, Bolsonaro opera uma narrativa taticamente correta, já que não tem nenhum legado para mostrar ao país. “O que é que ele tem para mostrar para o país para a disputa de outubro? Ele tem um legado econômico social? Não tem. Ele tem um programa para o país? Tampouco. O que ele tem é a capacidade de assimilar pela intensa disputa institucional, assimilar esse mal-estar contra o sistema político no Brasil”, destaca. 

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Segundo Altman, os setores médios da sociedade, menos afetados por problemas como desemprego, pobreza e fome são os mais mobilizáveis por um discurso contra o sistema na forma do discurso contra a corrupção, dos excessos do STF, de defesa do individualismo contra as ordens públicas estabelecidas pelo sistema de Justiça. “E é isso que o Bolsonaro opera. Essa é a estratégia que lhe resta. É suficiente para ganhar as eleições? Aparentemente não. Por isso ele aparece atrás de Lula nas pesquisas”.

Na análise de Altman, apesar da narrativa não ser capaz, sozinha, de ganhar as eleições, Bolsonaro vem se recuperando fundamentalmente por causa da desidratação da terceira via. “Muitos daqueles que estavam revelando preferências pelos candidatos da terceira via [Moro, Doria, Tebet] na verdade buscavam um candidato anti-Lula, anti-PT, que não fosse o Bolsonaro, porque estavam frustrados com ele, mas queriam uma candidatura que fosse enfrentar e derrotar o Lula. Como essas candidaturas ruíram e algumas delas [Moro] saíram da disputa, esse eleitorado em busca de um outro candidato contra Lula retornou para Bolsonaro”, avalia. 

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