Bolsonaro quer destruir a Amazônia, afirma Rafael Ioris

Historiador aponta que atual governo radicaliza ocupação predatória da Amazônia para defender interesses de agropecuária, mineração e madeireiras; veja vídeo na íntegra

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: ALAN SANTOS/PR | ABr)


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Opera Mundi - O cientista social Rafael R. Ioris participou do programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (18/07), com o jornalista Breno Altman, e falou sobre a corrida liderada pelo bolsonarismo para radicalizar a ocupação predatória da Amazônia. 

Um dos organizadores do novo livro Amazônia no Século XXI: Trajetórias, Dilemas e Perspectivas (ed. Alameda), ele lembrou que a dinâmica de aumento do desmatamento tem praticamente dobrado a cada ano sob o governo de Jair Bolsonaro e citou o dado recém-divulgado de que 18 árvores são derrubadas por segundo hoje na Amazônia. 

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“A corrida pelo desmatamento faz parte de um projeto mais amplo desse desgoverno guiado pela ganância absoluta e desmedida, de desmonte das políticas de proteção da natureza e de ataque profundo à natureza, à riqueza e às populações da Amazônia”, afirma Ioris. 

Por outro lado, o pesquisador não acredita que seja um processo sem retorno: “é claro que pode ser revertido, por políticas públicas guiadas para incorporar de fato as populações e as riquezas da Amazônia num projeto inclusivo, de desenvolvimento nacional que empodere e dê voz para essas populações”.

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As políticas de extermínio de Bolsonaro são evidentes, mas não estão isoladas na história brasileira. Ioris lembra a ditadura civil-militar de 1964 como outro momento agudo dessa história: “na parte mais cruel da ocupação da Amazônia pela ditadura, houve a Guerrilha do Araguaia. A ditadura jogou bomba em populações indígenas para construir a Transamazônica”.

O desenvolvimento a que o professor se refere deveria romper com lógicas binárias e maniqueístas que têm predominado mesmo sob governos progressistas, baseadas em visões utilitaristas de exploração da Amazônia, hoje congestionadas por atividades predatórias de mineração, pecuária, plantio de soja, comércio de madeira, construção de hidrelétricas e grilagem de terras públicas. 

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Historiador Ioris aponta que atual governo radicaliza ocupação predatória da Amazônia
Historiador Ioris aponta que atual governo radicaliza ocupação predatória da Amazônia(Photo: Reprodução)Reprodução

“A Amazônia nunca foi um vazio, sempre teve suas populações. O que tinha que ter sido feito era reforma agrária onde havia de fato trabalhadores sem terra. Não quer dizer que não possa haver populações migrando no país, desde que seja feito de maneira sustentável e democrática, e não com megaprojetos invasivos que tendem a nunca dar certo”, argumenta, classificando como historicamente equivocadas e não-sustentáveis as políticas formuladas para a região. Outro exemplo seria a Fordlândia de Henry Ford, nos anos 1920: "Ford comprou milhões de hectares do Pará e tentou criar seringueiras como monocultura, e deu errado.”

Contra a imagem de um deserto desabitado, o professor afirma a centralidade às populações nativas para o encontro de soluções à degradação atual: “eu diria que as maiores riquezas da Amazônia são as humanas. Os grandes protetores da floresta são as populações que estão ali dentro. Não é o homem e a natureza, é o homem na natureza”. 

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E acrescenta que a região “tem que ser salva, ela tem que se salvar, e os atores da Amazônia têm que ter papel central". O Código Florestal aprovado nos governos petistas, na avaliação de Ioris, foi frustrante por conservar ainda uma visão exploratória demais.

Na lógica não-binária reivindicada por Ioris, tampouco fazem sentido posições opostas entre gestão nacional ou internacional da Amazônia. O problema é global e precisa ser enfrentado de maneira coordenada, sob liderança do Brasil. “O mundo ainda funciona na lógica de Estados nacionais, para o bem ou para o mal, inclusivos ou genocidas. O governo federal pode repensar e reconstruir seus instrumentos, mas não pode haver a exclusão dos atores locais e mesmo internacionais”, expõe, apontando que sem um governo para liderar o processo "fica muito difícil". 

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