“As casas legislativas precisam ter a cara do Brasil”

À TV 247, Náustria Albuquerque e Rose Cipriano, candidatas no Rio de Janeiro, falam sobre a importância da participação feminina na política

Náustria Albuquerque e Rose Cipriano
Náustria Albuquerque e Rose Cipriano (Foto: Reprodução/Facebook)


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Por Ricardo Nêggo Tom - Combater a sub-representação feminina na política brasileira ainda é um desafio para as mulheres brasileiras. A origem dessa desigualdade nos parlamentos ainda é fruto do patriarcado imperial que a República herdou e cultivou durante um bom tempo, restringindo assim a participação das mulheres na política do país. Professora, petroleira e ativista pelo direito das mulheres, a candidata a deputada estadual pelo PT no Rio de Janeiro Náustria Albuquerque entende que é hora de as mulheres assumirem o protagonismo na política brasileira. “Nós mulheres somos a maioria da população, portanto, somos a maioria do eleitorado. Mas ainda somos sub-representadas. Há 90 anos, ainda estávamos conquistando o nosso direito ao voto, e, apesar de já termos caminhado bastante até aqui, ainda falta muito para conquistarmos. De 513 cadeiras do Congresso Nacional, apenas 70 são ocupadas por mulheres. Na Alerj, por exemplo, das 70 cadeiras, 13 são ocupadas por mulheres. Mas não basta elegermos mulheres. Temos que eleger mulheres comprometidas com as pautas femininas. Precisamos criar políticas públicas que garantam os nossos direitos e a nossa representatividade”, disse, em entrevista ao programa Um Tom de resistência, na TV 247.

Náustria critica a falta de sensibilidade masculina para algumas questões relacionadas às mulheres, e cita como exemplo o veto de Jair Bolsonaro à distribuição de absorventes íntimos para estudantes, mulheres de baixa renda e para a população carcerária. “Isso foi um absurdo! Se fosse uma mulher ocupando a cadeira da presidência isso não aconteceria. Esse é só um recorte”. A candidata ainda lembrou do aumento da violência cometida contra as mulheres no país e a coincidência com a ascensão do bolsonarismo ao poder. “Temos visto que nos últimos anos o número de casos de feminicídio aumentou bastante. Assim também como a violência política de gênero. É preciso que nós mulheres ocupemos o nosso espaço de poder. Sabemos que não é fácil enfrentar candidaturas baseadas no modus operandi da política brasileira, que é predominantemente dominada por homens brancos. As casas legislativas precisam ter a cara do Brasil, e para isso, é preciso ter mulheres, mulheres negras, homens negros, representantes da comunidade LGBTQIA+ e das comunidades indígenas. É preciso ter diversidade nos parlamentos”.

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Brasil entre os piores

A educadora Rose Cipriano, militante do PSOL e integrante do coletivo Minas da Baixada, que também é cocandidata a deputada estadual pelo Coletiva Periférica do PSOL, falou sobre os desafios das mulheres pretas na política brasileira, que é hegemonicamente branca e masculina. “Quando olhamos para a nossa política, vemos que o padrão ainda é branco, masculino, hétero e sem deficiência. E nós, mulheres, negros e negras, LGBTQIA+, indígenas e a juventude, não estamos dentro desse padrão e não nos vemos representados por essa política secular. Para termos uma ideia, o Brasil ocupa um dos piores lugares no ranking de representação feminina na política. E quando falamos de mulheres negras, essa representatividade fica menor ainda. Das 70 mulheres que ocupam uma cadeira no Congresso Nacional, quantas delas são negras? O primeiro desafio que temos é reconhecer que mulheres negras fazem política, também ocupam, podem e devem estar no espaço de poder político e de promoção de políticas públicas. O desafio aumenta, porque estamos acompanhando toda essa violência de gênero na política. E, à medida em que avançamos nos espaços de poder, essa violência atrelada ao racismo e ao machismo da sociedade, se torna maior”.

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Rose aponta o racismo estrutural da sociedade como responsável pela sub-representação e pela invalidação da presença de mulheres negras na política. “Nós, mulheres, em especial as mulheres negras, nunca somos vistas ou nunca temos os nossos projetos vistos como aqueles que irão salvar a sociedade em um momento de crise. Não há dúvidas de que precisamos eleger Lula no primeiro turno, Freixo como Governador do Rio de Janeiro, mas precisamos frisar que ainda sentimos a ausência de mulheres tanto nas chapas estaduais como nacionais. É importante demarcar isso para que quando a gente passar desse governo Bolsonaro, a gente retorne esse debate bem pela raiz e removendo as estruturas. “Ainda sobre a violência de gênero na política, a educadora acrescenta que é preciso pensar os desafios que estão postos. O desafio de aumentar a representatividade feminina dentro dos próprios partidos, de aumentar a representatividade na sociedade, nas casas legislativas. O que só vai acontecer ocupando esses espaços. O que ainda é muito difícil. Eu falo de um território da Baixada Fluminense composto por 13 cidades, e 6 delas sequer possuem vereadoras eleitas. Que dirá vereadoras negras. Outro desafio é, estando nesses espaços, avançar no combate à violência que os corpos de mulheres negras sofrem cotidianamente quando estão nesse lugar. O assassinato de Marielle Franco é um grande exemplo disso”.

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