Alberto Carlos Almeida: inflação é fator decisivo na eleição e desfavorece Bolsonaro

Lula é favorito, mas oscilação da avaliação do governo é determinante para que possa vencer no primeiro turno, diz cientista político; veja vídeo na íntegra

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABR | Ricardo Stuckert)


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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - O cientista político Alberto Carlos Almeida define a inflação como variável determinante para o resultado de eleições presidenciais em geral, mas particularmente a de 2022, com favoritismo para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como centralizador de anseios de oposição. 

O fator decisivo para que Lula vença já no primeiro turno será a oscilação da avaliação do governo de Jair Bolsonaro, afirmou o especialista no programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (29/08), com o jornalista Breno Altman.

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Almeida acaba de lançar, em coautoria com Tiago Garrido, o livro A Mão e a Luva: O que elege um presidente (Editora Record), que recorre ao romance homônimo de Machado de Assis para ilustrar as tendências da opinião pública na escolha entre os pretendentes eleitorais à disposição.

“De acordo com nosso modelo analítico, fizemos a previsão no livro de que a luva deste ano tem quatro dedos da mão esquerda, que se encaixa em Lula”, explica, mencionando a conjuntura econômica de crise, inflação e desemprego elevado, e consequente avaliação ruim do governo Bolsonaro. As chances de Lula são muito mais elevadas”, conclui.

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O cientista político parte do princípio de que a correnteza da opinião pública, de modo geral determinada no ano anterior a cada eleição, definirá o vencedor da vez: “a situação do país tem um impacto, e então haverá o candidato que melhor se adequa aquele estado da opinião pública”. 

Eleições excepcionais ocorrem de modo diverso, como no caso de 1994, quando Lula era favorito, mas o Plano Real reduziu a inflação de modo abrupto, trocando a luva que serviria ao eleitorado naquele momento.

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À margem do fluxo das correntezas, estão os eleitores que votarão na esquerda ou na direita independentemente das circunstâncias. “O pluralismo vem da sociedade, não da política. Tanto na esquerda como na direita, há pessoas que têm o sonho de extinguir o outro lado, mas isso não é possível. A política tem esses dois pilares, e o centro está no eleitorado, que assegura a alternância de poder”, ele traduz. 

O centro, sem uma moralidade predominante e capaz de mudar de voto de eleição para eleição, seria a Guiomar de Machado de Assis, segundo sua interpretação: “ela vai buscar aquele que vai lhe assegurar uma vida melhor”.

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De acordo com as metáforas usadas no livro, a luva foi rasgada pela inflação na reeleição conturbada de Dilma Rousseff em 2014 e substituída por um soco inglês na eleição de Bolsonaro em 2018. O pesquisador justifica o erro em suas previsões ao longo de 2018, de que Lula ou, em seguida, seu substituto Fernando Haddad venceria a eleição.

“Eu achava que Haddad ia posar como de oposição, que a disputa ia ser de PT contra PSDB no segundo turno e que, como o PSDB estava no governo com Michel Temer, e o PT na oposição venceria. Fui surpreendido", disse.

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Tenta compreender então por que a luva foi parar na mão da extrema direita: “quando o PSDB vai para o impeachment, ele entra no governo Temer, e o eleitorado está vendo aquilo. Em 2018, o eleitorado considerou como se o PT ainda estivesse no poder, e botou o PT de castigo. Mas botou também o PSDB, e fez pior: transplantou o voto. Bolsonaro chegou lá graças a um transplante do eleitor do PSDB, com a adição do voto do centro”.

O movimento de volta aos tempos do PT parece acontecer agora, com uma qualificação a mais: “as pessoas agora sabem o que é um governo Bolsonaro. Também estão avaliado esse governo. Como a rejeição do governo Bolsonaro é muito alta, Lula lidera. Essa é a situação da opinião pública”.

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Almeida avalia, por fim, o posicionamento dos dois candidatos nas sabatinas da Rede Globo e no debate na Band. “As pessoas estão sendo muito críticas a Lula no debate. Quem acompanha política quer ver briga e conflito, mas o eleitor comum não gosta tanto assim, ainda mais vindo de um excesso de conflito, de brigas de família. Na sabatina, Lula chamou atenção para o conflito de agredir o outro. No debate, Bolsonaro caiu nessa, e Lula evitou o máximo que podia. Nesse sentido, utilizou a estratégia correta”. O cientista político aponta uma sutileza na sabatina do candidato petista no Jornal Nacional. “Lula bateu a mão no peito e disse: ‘Sou um líder forte, eu vou resolver os problemas’. Eu diria que na sabatina Lula botou um pezinho no eleitorado de Bolsonaro”, analisa.

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