Adriano Diogo: falta de punição a militares foi erro histórico que segue permitindo ilegalidades

Ativista pelos direitos humanos, preso e torturado na ditadura, Adriano Diogo atribui violência atual das polícias e perseguições como o lawfare à falta de memória e justiçamento

Adriano Diogo | Polícia Militar
Adriano Diogo | Polícia Militar (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | GovSP)


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Por Albiege Fernandes, para o 247 - Ex-vereador e ex-deputado estadual por São Paulo, Adriano Diogo começou seu ativismo político ainda nos anos 1960, tendo sido preso em 1973. Após a sua libertação e cessadas as torturas físicas e psicológicas, ele conseguiu refazer sua vida política atuando em secretarias municipais e comissões parlamentares importantes, como a de Direitos Humanos Marcelo Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Diogo ressalta a falta de memória, de um lado, e a história falseada, de outro, como os grandes fatores para que abusos policiais e judiciais continuem acontecendo no Brasil. Ele cita o não justiçamento dos algozes da escravidão, da exploração dos povos originários - os indígenas - e dos próprios militares que atuaram diretamente nas torturas como um grande erro histórico que segue permitindo ilegalidades, principalmente o lawfare, esse instrumento de perseguição e destruição de reputações.

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Numa descrição minuciosa, quase técnica do pré-sal, Adriano Diogo discorre sobre a motivação do golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff da presidência da República. De acordo com ele, os interesses norte-americanos usaram os serviços sujos do ex-juiz Sergio Moro para darem o golpe e se apropriarem da maior riqueza em petróleo já descoberta no Brasil.

Enquanto o velho militante refaz, pela prodigiosa e jovem memória, o percurso dos golpes brasileiros, ele também aproxima os meios utilizados no passado com os atuais, entre estes, o lawfare, um cruel processo que julga antecipadamente com a cumplicidade da mídia. Particularmente sobre o caso do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PT), Diogo destaca não só a ilegalidade do processo como o sofrimento que ele causou e causa à família de todos os acusados. Nesse momento, a apresentadora Amanda Rodrigues perguntou se ele, mesmo livre da ditadura, estaria livre das amargas lembranças da tortura e das acusações levianas, ao que Adriano respondeu:

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“Eu passei por tudo o que você já ouviu falar, fui preso e torturado no dia de São José, pelo indivíduo Carlos Alberto Brilhante Ustra, que se apresentava com o cognome de Tibiriçá, tão covarde era o sujeito. Passei no centro de interrogatório 90 dias, bebendo água da privada, disputando com ratos e baratas, e assistindo assassinatos de companheiros meus”. Nesta fala, Adriano Diogo lembra que o torturador lhe mostrou, numa madrugada, o corpo decapitado de uma ex-companheira de ativismo político muito jovem e se emociona profundamente tendo a voz cortada pelo choro.

Mais adiante, ele cita o crime contra a agricultora e líder camponesa paraibana Margarida Maria Alves e lembra de seu mandante, Agnaldo Ribeiro, avô do ex-ministro da presidenta Dilma, de mesmo nome. Das Ligas Camponesas, ele diz que o Brasil não sabe quase nada: “há crimes no Nordeste que precisam ser esclarecidos sob o risco de nunca cessar esses ataques covardes que dizimam justamente aqueles que querem a modernização e a justiça do país”.

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Para o corajoso ativista, somente a eleição de Lula não garante a mudança. “Enquanto esses saques das nossas riquezas naturais não cessarem, a situação brasileira é gravíssima”. E finalizou conclamando as multidões a se mobilizarem e advertiu: “Lula precisa ganhar no primeiro turno, é fundamental. Ou seu maior adversário vai efetivamente dar um golpe”.

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