Topa tudo por dinheiro

O socorro ao banco de Silvio Santos, ora investigado pela PF, sinaliza a existência de um grande escândalo nacional



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As investigações da Polícia Federal que apuram os subterrâneos do socorro dado ao Panamericano, que ocorrem debaixo de sigilo absoluto, sinalizam a possibilidade de um super-escândalo que envolve políticos do PT (e igualmente do PSDB e do PMDB), com doações para campanhas e conivência entre ex-diretores da instituição e até ex-diretores da Caixa Econômica Federal.

A presidente da Caixa na época em que a instituição desembolsou R$ 739 milhões por 49% do Panamericano (bichado em R$ 4,3 bilhões), Maria Fernanda Coelho, indicação da presidenta Dilma Rousseff, foi afastada em março deste ano.

O ex-presidente do Panamericano, Rafael Palladino, e outros ex-integrantes da cúpula do banco até hoje não foram processados por Silvio Santos, o que, para setores da Polícia Federal (PF), evidencia a possibilidade do apresentador sempre ter estado a par de tudo.

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Como se não bastasse, esse caso cabeludo ainda tem um pouco mais de tempero. Não é que aparece também o nome de Luiz Gushiken (sumido do cenário por conta de sessões de quimioterapia), o China!? A consultoria prestada pelo ex-ministro-chefe do Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) junto ao Panamericano incluía levar folhas de pagamentos de igrejas evangélicas para a instituição. Uma delas era a Igreja Quadrangular, onde atuou ao lado de um ex-vice-presidente de futebol do Corinthians, e que tem, hoje, cerca de 400 mil adeptos. Nesses casos, depois de tudo acertado, os pastores nos templos tem a obrigação de indicar o "banco da fé", o que possibilitava seguros, crédito consignado ou financiamento de carros. Para intermediários da Quadrangunlar, o Panamericano pagou uma comissão de R$ 2 milhões.

Reflexão sobre o assunto: Precisamos olhar esse fato por três vias. A primeira é a mistura do público com o privado, que sempre deu, e que sempre dará caca. Aí quando acontece casos como esse, sempre vem à baila o famoso e teorizado "financiamento público de campanha". Será que ele sairá um dia? Claro que não, sabemos que isso é um sonho tão distante como querer que haja honestidade em todos os políticos de Brasília. Afinal, o poder é um jogo do toma lá, dá cá: "Eu te dou um dinheirinho para sua campanha e depois você me ajuda quando chegar lá, tá certo"!?

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Me espanta (mas nem tanto) também o fato dos três maiores partidos da República (o maior da situação, o maior do centrão e o maior da oposição) estarem supostamente envolvidos nesse caso. O que seria mais uma bomba para o já caótico cenário político do país, que a cada dia é corroído em suas estruturas por mísseis de propinas, rajadas de caixa dois e granadas de clientelismo e extorsão. Se nos grandalhões a coisa já se desandou dessa forma, imagina em partidos nanicos como o "PHP". Desculpe, o PHP não existe, mas se existisse, bem que poderia se chamar: "Partido da Honestidade Perdida", que tal? Nada mais real.

No outro ponto, ficará arranhada a imagem do ex-camelô, empresário e apresentador Silvio Santos. Um homem que até agora está acima de qualquer suspeita moral e profissional, considerado o maior gênio vivo da televisão brasileira, e que gaba-se de pagar mais de 20 milhões em impostos (pessoa física) todos os anos. Se as suspeitas da PF forem concretas (como parecem que são), o mito do 'Homem do Baú', que começou a vida do zero, um self-made man, e que é espelhada e admirada por muitos outros empreenderores e fãs de todas as idades, terá que ser revista e com certeza será manchada por um ato de ganância e promiscuidade com o poder além da conta (se é que existe o além conta, a promiscuidade por si só já é asquerosa) nas coxias do país tropical.

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Em certa altura nos seus manuscritos econômico-filosóficos, Karl Marx dizia que um pregador é um comerciante frustrado que usa o púlpito para "vender" esperanças e lucrar benefícios reais, palpáveis e materiais. O velho parceiro de Engels acertou em cheio. Começando com a Igreja Católica, que lavou dinheiro da Máfia (leiam os livros "Vaticano S.A", do jornalista Gianluigi Nuzzi, e "Em Nome de Deus", de David Yallop) indo até as falcatruas de alguns líderes religiosos notórios, poderosos e charlatães brasileiros, não é de se ficar impressionado com absolutamente mais nada. A novidade, no entanto, fica por conta da Igreja do Evangelho Quadrangular, uma organização fundada pela norte-america Aimee Semple McPherson (1890-1944) e que no Brasil, nunca tínhamos ouvido falar em qualquer coisa que a desabone [igreja], a não ser pequenos atritos e alguns desvios de conduta, que podem acontecer em qualquer lugar onde exista várias pessoas reunidas e com interesses ocultos e diversos.

O fato além de ser um atentado a boa-fé (em todos os sentidos), prova por a mais b que os três maiores poderes estabelecidos no país (o eclesiástico, o financeiro e o político) estão unidos e orquestrados até o último fio de cabelo do corpo e que para manter o pacto entre os três bem alicerçado, é muito simples, basta usar apenas o bordão que já é conhecido em todo país: "Quem Quer Dinheiro.......Venha Pra Cá, Vem Pra Cá.....". Alguém se habilita ao chamado da turma que controla o deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo?

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Eder Fonseca é fundador do portal Panorama Mercantil. Seu perfil no Twitter é www.twitter.com/_ederoficial

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