Tombini prevê mais instabilidade no câmbio

No Senado,opresidente do BC tambm defendeu a reduo dos juros pelo Copom e se mostrou pessimista em relao ao cenrio econmico mundial; confira suas principais declaraes



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Evam Sena_247, em Brasília – O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, previu nesta terça-feira, em reunião na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que o valor do real em relação ao dólar vai continuar variando até a estabilização das economias internacionais. Ele ponderou, no entanto, que o Banco Central “tem capacidade” de tomar medidas para o funcionamento dos mercados financeiros.

Para Tombini, a desvalorização do real foi uma consequência do agravamento da crise internacional, que fez com que investidores migrassem para os títulos da dívida americanos, ainda mais seguros, levando à valorização do dólar frente outras moedas.

“O câmbio é flutuante. E ele flutua tanto para cima, como para baixo. Há muita volatilidade neste momento. Temos que ver quando esse movimento em relação ao dólar vai se definir. Enquanto não estabilizar, o câmbio vai sentir uma instabilidade. O Banco Central estará pronto para que o mercado funcione de forma adequada. Nós temos capacidade e tomaremos as medidas para que esses mercados funcionem”, disse o presidente do Banco Central.

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Na semana passada, o BC fez uma operação equivalente a vender a dólares no mercado futuro, o que reduziu a forte alta no mercado à vista. A moeda americana chegou a ser negociada a R$ 1,963, mas fechou cotada a R$ 1,895, ainda sim com alta de 1,6%. No mês, a valorização chega a 19%.

Aos senadores, Tombini defendeu as medidas cambiais adotadas pela autoridade monetária desde o começo do ano, como “taxar” as apostas dos bancos na queda do dólar para conter a desvalorização do real. O BC tornou obrigatório aos bancos recolher, sob a forma de compulsório, 60% do valor correspondente à sua posição "vendida" no mercado de câmbio que exceder o menor dos seguintes valores: US$ 1 bilhão ou o seu patrimônio de referência.

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Segundo o presidente, essa medida abaixou de US$ 17 bilhões para entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões as apostas dos bancos na queda do dólar. “O estresse que tivemos na semana passada poderia ter sido multiplicado dez vezes. Chegamos ao auge da crise com uma posição de US$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões vendidos”, disse.

Inflação

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Tombini reafirmou que o objetivo é fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância. Relatório Focus divulgado pelo Banco Central ontem mostrou que o mercado financeiro prevê o descumprimento da meta neste ano, devido à redução dos juros e à alta do dólar. O prognóstico é de que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2011 vai fechar 2011 em 6,52%.

Segundo Tombini, a inflação, quando somados os últimos doze meses, se mostra alta, porque de outubro de 2010 a abril de 2011, houve uma forte alta no preço das commodities internacional. Ele ponderou que, a partir do segundo semestre deste ano, os índices caíram. “O índices estão compatíveis com o centro da meta, ainda que haja sazonalidade”, garantiu.

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O presidente do BC responde, agora, a perguntas dos senadores. Já falaram Francisco Dorneles (PP-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ), que elogiaram a queda de juros de 12,5% para 12% no final de agosto.

Juros

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Durante a reunião no Senado, Tombini voltou a defender a redução dos juros pelo Copom (Comitê de Política Econômica) no último dia de agosto, de 12,5% para 12%, alvo de críticas do mercado financeiro. Ele afirmou que o cenário econômico externo atual é o mesmo previsto pelo Copom e que o BC não “está sendo surpreendido” com a piora de crise que levou à queda do real frente ao dólar.

“O agravamento que vimos nas últimas semanas está em linha com o que víamos em 31 de agosto. Não estamos sendo surpreendidos. Tudo isso estava na conta”, disse. Apesar de dizer que o BC não tem “bola de cristal para prever quebra de um país ou banco”, Tombini prevê que “a probabilidade de um acidente de percurso é elevada”.

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Para reduzir o juros, segundo Tombini, o Copom levou em conta o aumento na arrecadação de impostos e o fato de as medidas de política monetária adotadas até julho ainda não terem surtidos efeitos completos. “A visão do Banco Central é que esse [redução dos juros] é o instrumento primeiro para ajustar as condições da economia e para fazer a inflação andar em linha”, disse aos senadores.

O presidente do BC prevê uma queda na inflação com a deterioração da economia internacional e sustentou que o Brasil tem condições de crescer economicamente sem pressão inflacionária.

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Crédito

O presidente do Banco Central adiantou que a Nota de Política Monetária e Operações de Crédito, a ser divulgada na tarde de hoje, vai trazer uma redução no crescimento da oferta de crédito no país, mas acima dos 15% desejável pela instituição. Ele destacou que a inadimplência está muito abaixo dos picos anteriores, apesar de elevação recente.

"Hoje tem divulgação da nota de crédito que mostra um menor crescimento, mas em linha com atual posição da economia. Talvez não os 15% que falávamos, mas um pouco mais", disse. No primeiro semestre, Tombini havia dito que o patamar desejável para o crescimento do crédito no País era em torno de 12% e 15%.

Fluxo de capitais

Tombini acrescentou que o BC observa nos últimos meses uma predominância dos fluxos comerciais sobre os financeiros, uma prevalência no ingresso de investimento estrangeiro direto (IED), e o aumento do fluxo de capitais de longo prazo.

A desvalorização do real frente ao dólar melhora os indicadores de endividamento externo do governo brasileiro, já que o Brasil é credor na moeda norte-americana, apontou o presidente do BC.

Pessimismo

Tombini se mostrou bastante pessimista em relação ao cenário econômico mundial ao apontar um ciclo vicioso nas respostas das economias dos grandes países desde a crise de 2008. Para ele, há um esgotamento nas políticas de ajuda às economias desenvolvidas. Na sua avaliação, ao aumentar a liquidez dos sistemas financeiros, em 2008, os governos dos países desenvolvidos cresceram a relação de suas dívidas com o Produto Interno Bruto (PIB) e aumentaram os riscos dos títulos de dívida soberana.

A previsão do presidente do BC brasileiro é que já haja contração da economia de países europeus e dos Estados Unidos no 4º trimestre de 2011. Tombini prevê uma baixa redução do endividamento das economias maduras, uma vez que para ele a melhor medida para diminuir as dívidas é acelerar o crescimento.

"Hoje vemos uma virada preocupante em relação à perspectiva econômica, e o Brasil não está isolado. Está havendo revisão para baixo das perspectivas, incluindo aí a China, o que é uma novidade", disse Tombini ao apresentar dados do índice PMI.

A crise da dívida pode contaminar o sistema financeiro, com a perda de valor dos títulos soberanos, alertou Tombini. Ele defendeu “resposta rápida” à crise financeira e avaliou um esgotamento na política de ajuda a economias desenvolvidas. "A consequência da falta de uma solução rápida nós conhecemos muito bem aqui no Brasil. Temos de ter resposta rápida. Quanto mais demorar, maior é o custo", disse durante audiência no Senado.

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