"Ter a Caixa Econômica como sócia é alentador"

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Leonardo Attuch _247 – Na noite desta quarta-feira, o executivo Fábio Nogueira tinha pressa. Um voo para Fortaleza, onde se encontraria com a família para passar o Ano Novo, lhe aguardava. Assim que assinou um memorando de entendimentos com o banco Panamericano e com o BTG Pactual para sacramentar a venda da Brazilian Finance & Real Estate por R$ 1,2 bilhão, Fábio correu para o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Passou a noite no voo entre São Paulo e Fortaleza saboreando a vitória. Treze anos depois de criar a BFRE, com o sócio Moise Politi, ele vende a companhia, que é dona das 88 lojas de crédito imobiliário da BM Sua Casa, por um valor bilionário. Nesta manhã, Fábio Nogueira falou com exclusividade ao 247, direto da capital cearense, sobre uma transação que deverá estar concluída em 31 de janeiro, mas que terá ainda que superar um obstáculo político: a necessidade de que a Caixa Econômica Federal, presidida por Jorge Hereda, coloque mais dinheiro no Panamericano (leia mais aqui).

Brasil 247 – Como foi feita a transação e quais serão os próximos passos?

Fábio Nogueira – Fomos procurados pelo Panamericano há cerca de dois meses. Desde então, estamos discutindo exaustivamente essa parceria. Criamos a empresa há 13 anos e hoje olhamos para a “criança” como uma empresa que já tem musculatura para correr e se desenvolver. Imagino que até 31 de janeiro essa operação estará concluída, porque ainda depende de aprovação dos órgãos reguladores e do Banco Central.

247 – E por que vocês decidiram vender o negócio para o Panamericano, que tem a Caixa como um dos sócios?

Nogueira – Desde a criação, imaginamos que essa nossa empresa poderia encontrar dois caminhos para crescer: um IPO ou a venda para um sócio estratégico. O Panamericano é um sócio ideal, porque essa operação dá a eles acesso a um mercado em que não atuavam. Além disso, para nós, ter a Caixa como sócio é também algo muito alentador, em função de toda a experiência e a força dela no mercado de crédito imobiliário.

247 – Mas um dos ativos da BM Sua Casa era a leveza e a agilidade na concessão de créditos.

Nogueira – No mercado financeiro, a escala é muito importante. E vários players que surgiram independentes acabaram sendo incorporados por grupos maiores. É o caso, por exemplo, do BBA, que virou Itaú-BBA, e da Hedging Griffo, que hoje está ligada ao Credit Suisse.

247 – Essa operação, no entanto, dependerá ainda de um novo aporte da Caixa no Panamericano. Não é um obstáculo importante a ser superado?

Nogueira – Na minha visão, já foi superado. Fizemos o memorando de entendimentos porque a operação foi aprovada pelo conselho de administração do Panamericano. E a Caixa, que tem assento nesse conselho, votou. Estamos unindo culturas complementares. A Caixa é um gigante do crédito imobiliário, um peso pesado. O BTG tem a cultura da inovação, da agilidade. E nós temos bons produtos. O nosso DNA vai ser mantido.

247 – Qual é o tamanho hoje da BFRE?

Nogueira – Temos R$ 14 bilhões de terceiros em ativos e mais R$ 2 bilhões em ativos próprios. Já financiamos mais de R$ 1 bilhão em crédito imobiliário e temos R$ 6 bilhões em fundos imobiliários, além de uma área de gestão de recursos com R$ 2,5 bilhões. Embora os nossos investimentos sejam também muito altos, vínhamos tendo uma taxa de ROE (retorno sobre o capital investido) de 18% ao ano.

247 – Você continuará à frente da operação da BM Sua Casa?

Nogueira – Sim. Vendemos nossa participação, tanto eu quanto o Moise, e agora seremos executivos. Em fevereiro, já teremos 100 lojas e agora vamos traçar um novo plano, com os novos sócios. Ano novo, vida nova.

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