"Taxa de juros atual não se justifica tanto pela inflação como na comparação internacional", diz José Luis Oreiro

"EUA e UE têm inflação maior no acumulado em 12 meses, taxas de juros reais negativas e política fiscal expansionista. Por que Brasil tem que ser diferente?", questiona economista

José Luis Oreiro e Roberto Campos Neto
José Luis Oreiro e Roberto Campos Neto (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado | Geraldo Magela/Agência Senado | Marcello Casal Jr/Agência Brasil)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - O economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro apontou, em publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (16), os motivos pelos quais avalia que a alta taxa de juros brasileira determinada pelo Banco Central "não se justifica".

O texto de Oreiro foi uma resposta ao artigo de Felipe Salto no Estadão, em que o ex-Secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo argumenta que a dívida brasileira é alta em comparação a outros países e a taxa de juros a 13,75%, no contexto atual, é plausível.

continua após o anúncio

"Quero deixar claro dois pontos", introduz Oreiro. "Primeiro: nenhum economista sério quer reduzir a Selic no grito. Nosso ponto é que a dosagem atual de taxa de juros real não se justifica tanto pelo comportamento da inflação no Brasil como na comparação internacional", aponta.

>>> Gigantes do mercado financeiro apontam barbeiragem do Banco Central

continua após o anúncio

"Estados Unidos e União Europeia têm taxas de inflação mais altas que a brasileira no acumulado em 12 meses e estão com taxas de juros reais negativas. E estão com política fiscal francamente expansionista. Por que o Brasil tem que ser diferente?", questiona o professor da UnB.

Oreiro explica que a inércia inflacionária no Brasil é maior do que nos Estados Unidos devido à permanência da indexação de preços, salários, contratos e dívida pública no Brasil aumenta a resistência da inflação aos juros. Tal indexação, segundo ele, gera a necessidade de uma dosagem maior de juros para reduzir a inflação até a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Desta forma, o economista aponta que "a solução para o problema não é aumentar juros ou cortar gastos, mas desindexar a economia por intermédio de uma reforma monetária".

continua após o anúncio

"Segundo ponto: não faz nenhum sentido adotar metas declinantes de inflação como o Brasil vem fazendo desde 2021 num contexto internacional de aceleração da inflação causada por choques de oferta. Isso apenas aumenta a dosagem requerida de taxa de juros com um custo fiscal elevadíssimo", acrescentou.

O economista ainda levantou o ponto de que o gasto elevadíssimo do governo com os altos juros também deve ser levado em conta no debate sobre responsabilidade fiscal, tema muito cobrado pelo setor financeiro brasileiro: "não se pode falar de ajuste fiscal num país em que o governo vai gastar 700 bilhões de reais com juros. Essa é a despesa ausente do debate fiscal brasileiro. Por que será?"

continua após o anúncio

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247