Sob Bolsonaro, salário mínimo perdeu poder de compra e trabalhador aumentou jornada para adquirir cesta básica

Apenas o tempo médio para comprar os produtos básicos aumentou 32%. Se plano de Guedes valesse desde 2002, atual piso seria 58,6% menor

(Foto: REUTERS/Adriano Machado)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Rede Brasil Atual - O plano de congelar o valor do salário mínimo, conforme divulgado nesta semana, mostra coerência com o que o foi a “política” do atual governo para o piso nacional. Na gestão Bolsonaro, a política de valorização do salário mínimo, que chegou a ser lei, foi abandonada. Com isso, mais a inflação crescente, o poder de compra caiu gradativamente, exigindo jornadas extensas e consumindo maior parcela da renda líquida para, por exemplo, comprar os produtos da cesta básica.

Em janeiro de 2018, primeiro mês do governo Bolsonaro, o salário mínimo calculado pelo Dieese para aquisição dos produtos básicos por uma família de quatro pessoas correspondia a 3,9 vezes o piso oficial. No último dado, setembro deste ano, corresponde a 5,2 vezes.

continua após o anúncio

Além disso, também em janeiro de 2018 o tempo médio para comprar os produtos da cesta básica foi de 89 horas e 29 minutos. No mês passado, a jornada aumentou para 118 horas e 14 minutos. Ou 32,1% a mais nesse período.

Política oficial

Outra comparação reforça a perda de poder aquisitivo. Quatro anos atrás, o trabalhador remunerado pelo mínimo comprometia 44,2% de sua renda líquida para adquirir os produtos. Agora, comprometeu 58,1%.

continua após o anúncio

Assim, com mobilizações das centrais sindicais, desde 2005 (governo Lula) o salário mínimo passou a ter uma sistemática de aumentos. Essa política tornou-se lei em 2011 (Lei 12.382). Previa reajuste pela inflação (INPC) do ano anterior e aumento real equivalente à variação do PIB de dois anos antes. Em 2015 (governo Dilma), a política foi renovada por meio da Lei 13.152, com validade até 2019. Desde então, não houve mais política oficial para o mínimo.

Perto de 50 milhões de pessoas têm remuneração com referência no salário mínimo. Esse contingente inclui aposentados, empregados, trabalhadores por conta própria e no serviço doméstico. Todos ameaçados pela disposição da atual equipe econômica de não reajustar os valores, em caso de reeleição.

continua após o anúncio

Cálculo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), simula os efeitos da política-Guedes para o salário mínimo caso as regras tivessem sido implementadas em 2002. Em vez dos atuais R$ 1.212, o piso seria de R$ 502 – ou menos 58,6%.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247