Setor de serviços registra 2ª queda consecutiva e retração em outubro é a maior para o mês desde 2016
Volume dos serviços prestados no Brasil recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, acumulando retração de 1,9%. Queda de outubro foi a mais forte para o mês desde 2016
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José de Castro e Rodrigo Viga Gaier, Reuters -A atividade no setor de serviços --a de maior peso na economia brasileira-- frustrou expectativas e contraiu na margem pelo segundo mês consecutivo em outubro, com dados de setembro sendo revisados para baixo, num combo que se soma a indicadores recentes apontando esfriamento da recuperação enquanto a inflação segue alta e as condições financeiras ficam mais restritas.
A retração de outubro foi a mais forte para o mês desde 2016 e a mais expressiva para qualquer mês desde março passado.
"O que se vê é uma devolução de crescimento de alguns setores nos últimos meses. Mas temos uma pressão inflacionária impactando alguns serviços, especialmente o setor de telecom", disse Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"A redução da atividade econômica traz impacto nos serviços, e isso fica cada vez mais claro. Temos pelo segundo mês quatro dos cinco grupos em queda, e isso mostra uma perda de ritmo e um menos dinamismo", completou, citando ainda uma elevada base de comparação e destacando o terceiro mês consecutivo no negativo da atividade no grupo profissionais, administrativos e complementares, bastante correlacionado à atividade econômica geral.
O volume dos serviços prestados no Brasil recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, acumulando retração de 1,9% considerando a queda de setembro, mostraram dados do IBGE ajustados sazonalmente nesta terça-feira.
Ante outubro de 2020, houve avanço de 7,5%, com crescimento em quatro das cinco atividades e oitava taxa positiva seguida.
Analistas consultados pela Reuters projetavam alta mensal de 0,1%, com ganho de 9,5% na comparação anual.
Com o resultado negativo de outubro, o segmento reduziu a distância em relação ao patamar pré-pandemia --está agora 2,1% acima dessa linha, de 3,3% em setembro e 4,1% em agosto-- e fica 9,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014.
A queda de setembro sobre agosto foi ajustada para 0,7%, de recuo de 0,6% divulgado anteriormente.
Quatro das cinco atividades investigadas recuaram no mês de outubro, com destaque para serviços de informação e comunicação (-1,6%), que apresentaram a segunda taxa negativa consecutiva, acumulando retração de 2,5% no período.
"O segmento que mostrou o principal impacto negativo foi o de telecomunicações. Essa queda é explicada pelo reajuste nas tarifas de telefonia fixa, que avançaram 7,33% nesse mês. Essa pressão vinda dos preços, acabou impactando o indicador de volume do subsetor", disse o gerente da pesquisa dos serviços.
A inflação se manteve como vilã também ao explicar parte da queda no serviço de transporte aéreo de passageiros, segundo Lobo, em queda por dois meses consecutivos após aumento dos preços dos tíquetes.
Segundo ele, dos cinco setores de atividade pesquisados, apenas informação e comunicação (+7,9%) e transportes (+4,7%) operam em patamar acima de fevereiro de 2020, a base de comparação para pré-pandemia.
Mesmo os serviços prestados às famílias --destaque positivo em outubro com alta de 2,7% sobre setembro, na sétima alta consecutiva-- ainda estão 13% abaixo dos níveis de logo antes da pandemia.
As famílias sentem os efeitos do crédito mais caro, conforme o Banco Central segue com seu agressivo processo de aperto monetário que deve levar o juro básico a mais de 10% no ano que vem, num vento contrário ao setor de serviços e à economia em geral. E em documento divulgado nesta manhã o BC reforçou a intenção de subir os juros para patamares mais contracionistas.
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