Santander, em crise, perde a sua face "sustentável"

Fbio Barbosa, que foi presidente da Febraban e desenvolveu discurso da responsabilidade social na instituio, troca o banco pela EditoraAbril; agora, ficam apenas espanhis e o clima interno ruim; aes caram pela metade no ano



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247 –Não deu mais para Fábio Barbosa. Confirmando rumores do mercado, o presidente do Conselho de Administração do Banco Santader no Brasil anunciou hoje que está deixando a instituição para ir trabalhar na Editora Abril. Ele vinha acumulando divergências com o atual presidente executivo do banco, Marcial Portela.

Em absolutamente nenhuma circunstância estar perto de sofrer uma multa fiscal de R$ 4 bilhões pode ser agradável. Mas em determinadas circunstâncias, tudo pode ficar ainda pior. É esse o caso do banco Santander. Está marcado para setembro, depois de uma longa jornada pelos meandros administrativos, o julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de uma autuação, feita pelo fisco em 2008, naquele valor.

A origem da multa está na apuração, pela Receita, de R$ 1,3 bilhão não recolhidos pelo Santander em IR e CSLL pela compra do Banespa, em novembro de 2000. Essa fortuna, segundo a Receita, deveria ter sido recolhida em razão do ágio pago pelo Santander, de R$ 7 bilhões, para completar a operação. Na ocasião, o banco criou uma holding no Brasil para ficar com as ações do Banespa. Os papéis foram adquiridos por essa holding com recursos do Santander Espanha. No mês seguinte ao negócio, o Banespa incorporou a holding para formar o Santander como ele é hoje. Havia promessas de um forte investimento na operação brasileira do banco, mas a opção foi a de levar a filial brasileira a suprir de recursos a sede na Espanha.

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Para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a criação da holding com dinheiro vindo da Espanha e posterior incorporação no Brasil, foi uma esperteza que resultou na bilionária redução de impostos (IR e CSLL). A manobra teria sido, assim, irregular. Hoje, a multa chega aos R$ 4 bilhões em razão dos custos da protelação no pagamento,. “A questão é a forma como o Santander fez o aproveitamento do ágio”, disse a Laura Ignacio, do jornal Valor Econômico, o procurador da Fazenda no Carf, Paulo Riscado. O veículo especializado em economia e finanças publicou hoje reportagem sobre o caso. No dia 3 de agosto, um recurso do Santander foi acatado pela 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do conselho. O julgamento final na instância do Carf ocorrerá em setembro.

O problema adicional, para o Santander, é o momento em que a multa pode chegar. A unidade brasileira do grupo espanhol tem sido a responsável pelos melhores resultados da organização em todo o globo. No último balanço mundial, nada menos que 25% dos resultados foram extraídos da operação brasileira. Mesmo inferiores aos dos concorrentes no setor, os lucros no Brasil têm ajudado o Santander a sustentar um desempenho sem nenhum brilho, mas razoável, em nível global. Sem o Brasil, os espanhóis estariam em pior situação. Na Europa em geral e na Espanha em particular, os números do banco têm preocupado os analistas. Em 29 de julho, a agência de classificação de risco Moody´s anunciou a entrada em processo de revisão do rating do banco, que poderá ser rebaixado. A condenação ao pagamento de R$ 4 bilhões ao fisco brasileiro não contribuiria em nada para melhorar o humor do mercado, bem ao contrário.

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Procurado por Brasil 247, por meio de sua assessoria de imprensa, o Santander ainda não se pronunciou. Internamente, a organização estava dividida em dois grandes blocos de poder. O primeiro deles era liderado pelo atual presidente executivo, o espanhol Marcial Portela. Ele e seus diretores são representantes diretos dos interesses do presidente mundial Emílio Botín. O segundo grupo tinha como líder o ex-presidente executivo e agora  ex-presidente do Conselho de Administração, Fabio Barbosa. Ex-presidente do Real, que foi comprado pelo Santander. Barbosa carrega a fama de banqueiro amigo da sustentabilidade, moderno e cordial. Sem afazeres na operação do banco, ele estava se aproximando de um pré-candidato a prefeito de São Paulo, disposto a ajudar a redigir seu programa de governo para a cidade. Ao mesmo tempo, em diferentes notas da imprensa Barbosa aparece como cotado para trabalhar em outras grandes empresas. Desde o deslocamento dele das atividades do dia-a-dia para as novas funções, o Santander parece ter perdido bastante em sua imagem pública. Desconhecido dos brasileiros, o espanhol Portela circula pouco – ao contrário do feitio de Barbosa – e já foi infeliz em pelo menos uma declaração pública. Diante da queda das ações do banco na Bolsa de Valores de São Paulo – nesta terça, os papeis da instituição estavam perdendo 3,08% às 16h50, acumulando uma queda de 6,24% nos últimos sete dias e pesados 36,84% no ano -, Marcial, ao comentar os resultados do Santander no segundo trimestre deste ano, recomendou aos donos de ações do banco que não tiverem “paciência” a investir em outras empresas.

 

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