Sanduíche fast food

Economia pernambucana cresce de uma forma que é até difícil imaginar. Somente neste exercício o PIB deve registrar um índice de 6,4%, segundo dados da agência Condepe/Fidem



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A economia pernambucana cresce de uma forma que é até difícil imaginar. Somente neste exercício o Produto Interno Bruto (PIB) deve registrar um índice de 6,4%, segundo dados da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa (Condepe/Fidem). O incremento é maior que o que deverá ser apontado pelo Ceará (5,26%) e Bahia (5,22%), outras duas das principais economias da Região. Ah, o Estado também deverá crescer acima da média regional, que deverá chegar a 5,22%). Tudo bem, mas nem tanto.

Sim, segundo o Plano Plurianual encaminhado à Assembleia Legislativa pela Secretaria de Planejamento, entre os anos de 2012 e 2015, Pernambuco deverá receber cerca de R$ 17,6 bilhões em investimentos, contra R$ 7,5 bilhões nos três anos anteriores. Receber investimentos é bom, mas tem que se ter cuidado com os impactos desta pisada rápida no acelerador. A bola da vez são os municípios de Região Oeste, que já registram investimentos de quase R$ 800 milhões. No Litoral Norte, somente a cidade de Goiana prepara-se para receber a Fiat, em um investimento de aproximadamente R$ 3 bilhões. É uma pá de dinheiro, mas...

O que falta realmente é preocupar-se não apenas com a atração destes empreendimentos, mas com os impactos sociais que vêm a reboque das grandes obras. Primeiro é preciso encontrar um batalhão de gente disponível para trabalhar nas obras civis. E tome-lhe qualificação. Depois vem a fase de treinamento e capacitação para operar máquinas de última geração, com alto nível de automação e produtividade. É aí que o bicho pega. Com o fim das obras civis, o que fazer para agregar esta mão de obra, que de uma hora para outra se vê com o capacete embaixo do braço e não mais na cabeça? Sim, não me digam que as indústrias e empresas de bens e serviços vão absorver todo mundo por que não vão.

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Segundo o Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,6% dos brasileiros com 15 anos ou mais são analfabetos... são 14 milhões de pessoas. No Nordeste, este índice é de 19,1% e de 9,8% no Recife. A capital pernambucana possui, segundo o estudo, cerca de 90 mil analfabetos. E o que fazer para absorver este contingente? Capacitar? Treinar? Retreinar ? E o que fazer com os operários da construção civil após o término das obras? O que fazer para abrigar a legião de migrantes que se dirigem para cá?

No Litoral Norte os preços dos terrenos já sobem de forma irreal. Com a legião de trabalhadores chegando, logo virão os problemas de infraestrutura que acompanham os investimentos. Porto de Galinhas serve de exemplo. Considerado o principal destino turístico estadual, a praia paradisíaca encontra-se hoje praticamente sem vagas para turistas, porque as empreiteiras fizeram contratos de longo prazo com os hotéis e pousadas da região. E tome problemas de esgoto, abastecimento, entre outros pontos.

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Some-se a isto a favelização das cidades, o aumento na demanda por serviços de saúde, transporte, segurança, moradia... e teremos o caldo que provará que crescimento é bom sim, mas quando pensado como em uma receita de longo prazo e não como um sanduíche fast food.

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