Rússia suspende importação de carnes do Brasil

Misso ao Pas em 2010 revelou deficincia no funcionamento dos servios sanitrios; restries atingem MT, PR e RS, totalizando 85 frigorficos



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O Serviço Federal de Inspeção Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) informou, por meio de comunicado, que vai suspender temporariamente a importação de produtos de criação animal do Brasil a partir de 15 de junho. As restrições vão atingir os Estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, totalizando 85 frigoríficos.

Na chegada à Rússia de produtos de outros Estados brasileiros, o serviço federal russo afirma que será exigido aumento do controle laboratorial para a segurança veterinária e sanitária dos produtos fornecidos. "A autoridade sanitária russa divulgou uma lista com 85 frigoríficos, os quais alguns já estavam suspensos, mas outros passaram a fazer parte da lista de embargo", informou fonte ligada ao setor pecuário.

Segundo ela, dessa vez a Rússia promoveu restrição por Estados. "Na prática, o Brasil está impedido de vender todo tipo de carne àquele mercado, ficando apenas de fora um frigorífico, o Pamplona, de Santa Catarina", diz.

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Segundo as autoridades sanitárias russas, a inspeção realizada este ano no Brasil revelou várias deficiências no funcionamento dos serviços veterinários do país. Entre 16 a 18 de maio, uma missão brasileira foi à Rússia, chefiada pelo vice-presidente Michel Temer. Na ocasião, com relação às restrições a frigoríficos nacionais, o serviço veterinário russo requisitou mais informações do governo brasileiro. O Ministério da Agricultura do País informou que faria novas auditorias em todas as indústrias de carnes bovina, suína e de aves habilitadas a exportar para aquele país.

Depois dessas inspeções, o governo brasileiro ficaria de encaminhar uma avaliação global sobre os frigoríficos, que seria discutida em uma nova rodada de trabalho. O comunicado de hoje, porém, é um balde de água fria nas pretensões brasileiras.

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O Ministério da Agricultura confirmou a informação de que a Rússia bloqueou a compra de carnes de 85 empresas brasileiras e já reuniu a sua equipe para discutir o problema. A equipe técnica do ministério está reunida nesta manhã para avaliar quais medidas serão adotadas. Ainda hoje o governo deve divulgar nota oficial se posicionando sobre a questão, segundo informações fornecidas pela assessoria de imprensa.

Setor de carne suína cobra solução

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O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, disse nesta quinta-feira que confia em uma solução favorável em relação ao embargo. “Espero que o Ministério (da Agricultura), com o qual já entrei em contato, resolva essa situação até lá”, disse o executivo, referindo à data de início ao embargo, 15 de junho. Segundo ele, o problema não prejudica somente o setor de suínos, que tem na Rússia o principal comprador da proteína brasileira, mas também o de aves e o de bovinos.

Em 2010, a Rússia importou 233.984 toneladas de carne suína brasileira, tendo abocanhado 43,30% das exportações nacionais da proteína. A receita no período foi de US$ 649,166 milhões, com participação de 48,42%. Até abril, a Rússia comprou 68.220 toneladas do produto brasileiro (40,34% de participação), com receita de US$ 211,243 milhões (46,28% do total arrecadado). “Sei que a Rússia é o principal mercado importador da carne suína brasileira, mas a dependência é mútua. O que o governo precisa fazer é não deixar nenhuma questão sem resposta”, declarou Camargo Neto.

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Para Abiec, não há base técnica para embargo russo

O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, disse que o embargo russo não tem base técnica. Para ele, o anúncio feito nesta quinta-feira pelo Serviço Federal de Inspeção Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) visa a proteger o mercado local.

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“A Rússia já divulgou querer ser autossuficiente em frangos e suínos. O governo tem adotado medidas para isso, como o subsídio às rações”, disse Sampaio. “O setor (bovinos) segue todas as normas e padrões internacionais, inclusive os da OIE. Sem minimizar a importância do mercado nem os outros segmentos, com essa questão política em relação a frangos e suínos, bovinos também acabou sendo atingido”, declarou. “Como eles (russos) não fazem parte da OMC (Organização Mundial do Comércio), fica mais difícil negociar”, completou o executivo.

A Rússia é o principal mercado importador da carne bovina brasileira. De janeiro a abril, o país comprou, em média, 25 mil toneladas por mês, somando cerca de 100 mil toneladas no acumulado do período, representando 28% das exportações brasileiras da proteína, em volume. A receita dos primeiros quatro meses do ano foi de US$ 440 milhões, 26% do faturamento total das vendas externas de carne bovina nacional.

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Dos 85 frigoríficos embargados pelo governo russo, 24 são de bovinos. “Ainda temos 44 unidades habilitadas a exportar à Rússia. Vamos atender a demanda por meio dessas outras unidades tranquilamente. Portanto, o impacto negativo para o setor não será relevante”, declarou Sampaio, que informou que a empresa mais prejudicada do segmento de bovinos foi a BRF - Brasil Foods, que teve suas duas maiores unidades em Mato Grosso embargadas.

A JBS, em comunicado ao mercado, informou que três unidades foram embargadas e que manterá as exportações ao país a partir de outras oito fábricas instaladas no Brasil, que não foram incluídas na suspensão, além de outras unidades fora do País. Já a Marfrig somou 10 unidades que estão com as exportações suspensas pela Rússia e disse que abastecerá o mercado por meio de outras fábricas habilitadas. O Minerva, por sua vez, não foi afetado pela decisão, já que não possui unidades nos estados citados. Procurada pela reportagem, a BRF não se pronunciou sobre o assunto. Na lista divulgada pelo serviço veterinário russo, identificam-se 15 unidades da companhia.

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