Quebra de bancos europeus será pior do que a do Lehman

Estudo do RBC Capital Markets prev que emergentes podem sofrer mais na crise atual do que em 2008



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Um colapso do sistema bancário europeu terá um impacto muito maior para os países emergentes do que os efeitos com a quebra do Lehman Brothers em 2008, segundo análise do RBC Capital Markets. A exposição dos bancos europeus a países emergentes, em termos de empréstimos e outros ativos, equivale a mais de três vezes o valor da exposição combinada dos bancos japoneses e americanos. O contágio da crise da dívida soberana da zona do euro pela via de crédito bancário será sentido com mais força pelo Leste Europeu, seguido pela América Latina.

Com base em dados do último relatório do Bank for International Settlementes (BIS), o banco central dos bancos centrais, o total de crédito e empréstimos de bancos europeus aos países emergentes somou US$ 3,4 trilhões em março de 2011, enquanto que a exposição dos bancos americanos a países emergentes estava em US$ 727 bilhões e a dos bancos japoneses, em US$ 299 bilhões. Na América Latina, a exposição dos bancos europeus é de US$ 792 bilhões, comparada com uma exposição de US$ 250 bilhões de bancos americanos e US$ 62 bilhões de bancos japoneses.

"Se a crise da dívida soberana da zona do euro deflagrar um estresse do sistema bancário europeu mais profundo, poderá haver um impacto bem mais negativo sobre os mercados emergentes do que o choque do Lehman Brothers teve", afirmou um estudo do RBC Capital Markets assinado pelo chefe de estratégia para mercados emergentes do banco em Toronto (Canadá), Nick Chamie. Se os bancos europeus passarem por um estresse financeiro semelhante ao registrado pelos bancos americanos em 2008 e 2009, "as consequências negativas para os mercados emergentes, particularmente um choque no crescimento econômico, poderão ser muito mais significativas, em especial se houver uma escassez de crédito mais prolongada".

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Os países emergentes representam cerca de 18% da carteira de crédito total no exterior dos bancos europeus. A participação dos emergentes na carteira de crédito no exterior dos bancos americanos é de 22% do total. Os emergentes do Leste Europeu são os que representam a maior parcela na carteira total de crédito no exterior dos bancos europeus, com 51%. Os latino-americanos detêm 23% da carteira de crédito total no exterior dos bancos europeus. A parcela dos países asiáticos é de 26%.

Segundo o estudo do RBC Capital Markets, para medir qual região dos mercados emergentes poderá sofrer um maior aperto de crédito se houver uma retração dos bancos europeus na concessão de empréstimos, é preciso levar em conta qual região depende mais dos bancos europeus versus bancos de outros países e em qual região o peso do crédito de bancos estrangeiros é maior em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

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Conforme o estudo, os países do Leste Europeu dependem em 93% dos bancos europeus para atender suas demandas por crédito, comparado com 2% do Japão e 6% dos Estados Unidos. Já os países da América Latina têm 68% do crédito estrangeiro provenientes de bancos europeus, enquanto que os bancos americanos são responsáveis por 21% por esse crédito e apenas 5% vêm dos bancos japoneses.

O valor dos empréstimos de bancos europeus corresponde a 25% do PIB dos países emergentes do Leste Europeu e a 16% do PIB dos emergentes na América Latina, enquanto que o valor dos empréstimos dos bancos americanos equivale a 2% do PIB no Leste Europeu e a 5% do PIB de países latino-americanos.

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"Do ponto de vista de contágio pelo canal de crédito, a região dos emergentes do Leste Europeu parece naturalmente mais vulnerável, embora a América Latina e a Ásia emergente também tenham uma elevada exposição à qualquer retração dos empréstimos bancários europeus", afirma o estudo do RBC Capital Markets.

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