Produtos chineses invadem Pernambuco

Ruas do comrcio popular no Recife esto sendo invadidas por comerciantes chineses; produtos importados do pas asitico enchem os olhos do consumidor local, mas j prejudicam o empresariado da capital pernambucana

Produtos chineses invadem Pernambuco
Produtos chineses invadem Pernambuco (Foto: Andréa Rêgo Barros/247)


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Tércio Amaral_PE247 – Os tradicionais bairros de São José e Santo Antônio, no Centro do Recife, fazem parte de uma nova configuração do varejo. Ponto estratégico do comércio popular, esta região vem se transformando numa verdadeira “embaixada chinesa”. É fácil explicar a analogia. Lá, cada vez mais imigrantes chineses instalam lojas próprias cujos produtos são, em grande maioria, importados nas áreas de confecções, eletrônicos e “bugigangas” – objetos mais que supérfluos, como varinhas coloridas. O preço, sim, é baixo. Mas é sua presença é sentida pelos comerciantes locais (nativos), que reclamam da origem “made in China”. A Confederação dos Dirigentes Lojistas (CDL) afirma que a “concorrência é desleal”.

O sorriso é tímido, mas simpatia parece que já é fruto de uma curta permanência em solo brasileiro. O jovem Keven Chen You, de 28 anos, está há três anos do Brasil. Natural da China, já passou pelos Estados Unidos antes de chegar ao Recife. No ano passado, começou a administrar uma loja do tio no comércio popular da capital pernambucana. O ambiente, lá, é bastante “familiar”. Ao lado, lojas de parentes, primos e outros imigrantes chineses. Só na Rua do Nogueira, onde está instalada o ponto de variedades de Keven, são 11 lojas de imigrantes chineses. “Escolhi o Brasil pelo calor e pela presença de minha família. Além disso, o Cais de Santa Rita, no Recife, é o foco de uma nova tendência no comércio: a forte presença dos chineses no varejo. A expectativa é que cheguem mais”, revela.

A reportagem do PE247 preferiu não mencionar o nome do estabelecimento de Keven, até porque o chinês, que aguarda com a mulher a chegada do primeiro filho, revelou os “segredos” daqueles que vivem no Recife, mas com o coração na China. “Compramos tudo direto da China. Os contêineres vêm direto do Porto de Suape. Pouquíssimos produtos de nossas lojas são produzidos no Brasil ou em outros países”, relata Keven. De acordo com ele, muitos comerciantes chineses atuam como distribuidores destes produtos. Na sua loja, por exemplo, identificamos duas marcações para cada produto. Uma é para os que desejam comprar em atacado, a outra no varejo. Uma calculadora importada sai de R$ 4 para R$ 3 para quem deseja revender. E ainda dá para negociar.

A conversa segue no interior da loja, com clientes atrás de produtos mais baratos. Entra em cena “o braço direito de Keven”: o seu gerente, que é recifense. O jovem não se identifica, mas revela dois segredos deste mundo “oriental em terras tropicais”. Primeiro, é que o grande sucesso nas vendas é pelo calendário. “Adaptamos nossas vendas para todas as fases do ano. Agora, por exemplo, aumentamos as opções de materiais escolares”, conta, enfatizando que o consumidor quer levar para casa produtos que, se fossem comprados “originais”, sairiam bem mais caros. “Ninguém vai comprar uma Louis Vitton original podendo comprar aqui por R$ 30”, argumenta. Celulares e outros eletrônicos fazem parte do mix de produtos chineses no Recife.

O presidente da CDL Recife, Eduardo Catão, por outro lado, não visualiza qualquer benefício nesta entrada chinesa ao comércio local. Ele enfatiza que, tirando os casos dos imigrantes que atuam de forma regular, este tipo de comércio alternativo prejudica os comerciantes locais. “Na China, não existe uma legislação trabalhista como a nossa. Por isso que estes produtos chegam tão baratos aqui. Outro ponto é que muitos destes produtos não são tarifados ou fazem parte de falsificações”, atacou.

Segundo ele, outro fator é o aumento dos alugueis dos pontos e o custo dos funcionários. “Em muitos casos, eles pegam pontos acima do valor real. Por outro lado, por se tratar de uma família, eles pagam poucos empregados. O comerciante do Recife já sente esta concorrência. Estamos procurando os nossos direitos”, enfatiza Catão. A entidade não possui números de quantos comerciantes chineses estão instalados no comércio recifense. A Junta Comercial de Pernambuco também não possui este dado.

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