Presidente do Ipea resolve contestar o aumento da fome. Especialista discorda

Presidente do instituto, Erik Alencar de Figueiredo, disse que a fome deveria ter como consequência alta de internações por doenças causadas pela desnutrição

Erik Alencar de Figueiredo
Erik Alencar de Figueiredo (Foto: Maiara Rauber/MST | ABR)


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247 - O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erik Alencar de Figueiredo, questionou as pesquisas recentes que apontaram o aumento no número de brasileiros em situação de insegurança alimentar ou com fome. As informações foram publicadas nesta segunda-feira (22) pelo jornal Folha de S.Paulo

De acordo com Figueiredo, o aumento da fome deveria ter como consequência um "choque expressivo" no aumento de internações por doenças decorrentes da fome e da desnutrição, e um número maior de nascimentos de crianças com baixo peso.

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"De forma surpreendente, esse crescimento [de insegurança alimentar e desnutrição] não tem impactado os indicadores de saúde ligados à prevalência da fome, o que contraria frontalmente a literatura especializada", afirmou no documento.

Especialista questiona o estudo

A pesquisadora Patricia Jaime, do departamento de nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que um dos problemas do estudo feito pelo presidente do Ipea foi um uso de dados sobre internações.

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"Como se ter fome significasse ter doença. Na insegurança alimentar, a forma mais grave é a forme, e o impacto na saúde leva um tempo para acontecer", afirma.

O presidente do Ipea questionou o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi. O levantamento mostra que 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil atualmente.

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Parte dos dados usados por Figueiredo foram extraídos do sistema de internações do Datasus, a base de dados do Sistema Único de Saúde. Segundo a pesquisadora, não há precisão para compreender o efeito da desnutrição pelo método usado no estudo do Ipea porque a desnutrição tem um efeito cumulativo sobre a saúde, especialmente no desenvolvimento infantil até os cinco anos. Em um hospital é comum que o primeiro diagnóstico seja uma desidratação por diarreia ou uma infecção respiratória, por exemplo. Depois é que a origem na desnutrição será identificada.

De acordo com Patricia Jaime, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, do SUS, é uma base de maior precisão para observar o efeito da fome e da insegurança alimentar sobre as crianças de até cinco anos. "Desde 2017 tem havido aumento gradativo, como uma piora recente, na magreza e magreza extrema. Isso é público e está no Datasus. A gente tem como ver o impacto nas crianças e, entre elas, as crianças beneficiárias de programas de transferência de renda", disse. 

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