Política de Guedes e Bolsonaro tem culpa no estouro da inflação em 2021, avalia José Paulo Kupfer
Jornalista, analista econômico, apontou erros do governo na política econômica de 2021, que terminou com a inflação em 10,06%
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247 - O jornalista e analista econômico José Paulo Kupfer, colunista do UOL e do Poder360, analisou nesta terça-feira (11) o avanço da inflação no Brasil, que fechou 2021 em 10,06%, quase o dobro do teto do intervalo do sistema de metas, que era de 5,25% no ano.
Kupfer explicou que, apesar das estimativas apontarem queda da inflação em 2022, essa redução da inflação para vizinhanças de 5% não expressaria um recuo nos preços. “Inflação não é preço alto, como muitos possam imaginar, mas alta de preços. Por isso, a variação menor do IPCA no ano que se inicia significará que os preços continuarão subindo, mas em ritmo mais lento”, afirmou.
Segundo o jornalista, os principais "puxadores" da inflação em 2021 foram combustíveis, com a gasolina subindo perto de 50%; energia elétrica, que subiu mais de 20%; alimentos, artigos de residência e vestuário.
“O governo tem responsabilidade mais direta nos três primeiros desses itens. No caso dos combustíveis, por exemplo, tentou interferir com redução de impostos, mas a pressão principal vinha da política de preços da Petrobras, que determinava repasse automático das altas no preços internacionais do petróleo, que poderia ter sido alterada por ação governamental, ainda que temporariamente, mas nada nessa direção foi feito”, escreveu em sua coluna no Uol.
José Paulo Kupfer também avaliou que o governo de Jair Bolsonaro poderia ter pelo menos suavizado altas nas tarifas de energia. “O governo foi negacionista em relação à crise hídrica, demorando a reconhecer o problema climático e a tentar acordos com grandes consumidores para evitar picos de consumo. Com isso, contribuiu para que o sistema elétrico tivesse de recorrer à totalidade da reserva de geração termelétrica, mais cara e mais poluente”, afirmou.
Por fim, o analista econômico avalia que o quadro restritivo da atividade é reforçado pela perspectiva de que a política de juros do Banco Central se mantenha apertada, com taxas básicas elevadas. “A taxa básica de juros (taxa Selic), que fechou 2021 em 9,25% nominais ao ano, de acordo com as previsões, só encerrará o atual longo e forte ciclo de altas, iniciado em março, com a Selic a 2%, perto de 12%, no primeiro semestre. Esse tipo de ação, dita ‘contracionista’ no jargão do mercado, objetiva retirar dinheiro de circulação, encarecendo o crédito e desestimulando investimentos, como forma de inibir a demanda e aliviar pressões inflacionárias. Ao mesmo tempo, contudo, uma política de juros contracionista também tende a ser inibidora do crescimento econômico”, escreve Kupfer.
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