Petrobrás aprova novo conselho e já pode acelerar mudanças prometidas por Lula

A renovação do conselho abre para mudanças estratégicas prometidas, como alterações nas políticas de preços e dividendos

Lula e Petrobras
Lula e Petrobras (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Sergio Moraes)


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RIO DE JANEIRO (Reuters) - A assembleia de acionistas da Petrobras elegeu nesta quinta-feira o novo Conselho de Administração da companhia sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o que em tese poderá abrir caminho para as estratégias prometidas em campanha e defendidas pelo CEO Jean Paul Prates.

Lula defende uma Petrobras que atue como uma empresa de energia integrada, incluindo geração renovável, e não apenas com foco no petróleo do pré-sal. A política de preços de combustível recebeu muitas críticas do presidente, assim como a de dividendos, que teria privilegiado mais os acionistas do que investimentos, em sua avaliação.

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Contudo, nos quatro meses de governo pouco foi alterado na prática, o que alguns esperam que aconteça com o novo conselho, mais alinhado ao comando do presidente.

Dentre os novos conselheiros, foram eleitos três membros atuais do Ministério de Minas e Energia, incluindo o novo presidente do colegiado, Pietro Mendes.

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O ministério, liderado por Alexandre Silveira, é o responsável pela indicação dos representantes da União. Há ainda um integrante da Casa Civil.

Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Minas e Energia, foi eleito apesar de um potencial conflito de interesse apontado quando seu nome foi avaliado em órgãos da Petrobras, devido ao seu cargo.

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Efrain Mendes, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, e Sergio Rezende, membro titular do Diretório Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), outros dois indicados pela União que foram eleitos, também tinham sido considerados inapropriados para compor o colegiado da empresa, pelo atual conselho e por comitê interno da empresa.

A eleição de nomes reprovados por comitê interno foi vista com reserva por advogado e professor especializado em Direito Empresarial, que apontou riscos se a governança não for adequada.

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Marcelo Godke afirmou à Reuters que a eleição de candidatos não aprovados em instâncias internas da companhia, em época que se discute ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa), "talvez não seja o caminho adequado".

"Não chega a ser uma ilegalidade porque a análise interna não vincula os sócios, que têm poder para eleger os administradores. Mas a companhia tem seus próprios interesses e muitas vezes não são os mesmos dos controladores", afirmou o professor.

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"No caso da Petrobras, o controlador é a União e a gente sabe que os interesses se desalinham rapidamente... se a governança não for adequada, não houver alinhamento de interesses entre investidores e companhia, ela vai ter dificuldade de se financiar."

Durante a reunião de acionistas virtual, o presidente da mesa da assembleia, o ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Francisco Costa e Silva, pontuou que "cabe ao acionista responsável pelas indicações o acolhimento ou não" das avaliações feitas pelo conselho e pelo comitê.

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"A assembleia é soberana para decidir se serão eleitas ou não essas pessoas", disse o presidente da mesa, que ponderou em certo momento ainda que isso não afasta a responsabilidade dos acionistas sobre suas decisões, e que os votos devem ocorrer em função do interesse da companhia.

Também foram eleitos nesta quinta-feira os indicados pela União Jean Paul Prates, Vitor Saback, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, e Bruno Moretti, secretário especial na Casa Civil, que não teve apontamento negativo.

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Saback foi avaliado por comitê da Petrobras antes de tomar posse como secretário de Geologia.

Os minoritários, por sua vez, reelegeram os representantes José João Abdalla Filho e Marcelo Gasparino.

PRÓXIMOS PASSOS

A renovação do conselho, que até hoje era formado ainda por indicados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, deverá abrir caminho para que o CEO da empresa siga com mudanças estratégicas prometidas, como alterações nas políticas de preços e dividendos, além de um novo planejamento para a companhia, que passará a investir em transição energética.

"Finalmente houve as esperadas mudanças no CA da Petrobras, o presidente pôs pessoas mais alinhadas ao novo governo e ao novo projeto de país aprovado nas urnas. Agora tem que esperar um novo planejamento estratégico e que tenhamos uma Petrobras que não sirva só aos acionistas, mas principalmente à população brasileira", disse à Reuters o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacellar.

Os nomes para compor o conselho foram escolhidos após grandes disputas políticas em Brasília e depois de pessoas ligadas ao PT terem criticado publicamente indicações originais, por estarem de alguma forma ligadas ao governo anterior, algumas delas substituídas posteriormente.

O próprio ministro Silveira também chegou a ser criticado por ter elaborado a lista de indicados de forma unilateral, sem discussão prévia.

Sobre o tema, Prates reconheceu em março que a lista de indicados pela União contou com diversas indicações de pessoas que compõem a base política do governo e que quem viesse seria membro do colegiado e respeitado.

Uma fonte da Petrobras ligada à alta cúpula da empresa afirmou nesta quinta-feira que a mudança do conselho abrirá caminho para a realização das promessas do governo.

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