Petrobrás acaba com PPI, mas falta garantir 'abrasileiramento' dos preços, diz Observatório Social do Petróleo

“O PPI, na prática, invertia a lógica fazendo o Brasil se comportar não como um produtor", disse o economista Eric Gil Dantas, do OSP

Tanques de combustível em refinaria da Petrobrás no Rio Grande do Sul
Tanques de combustível em refinaria da Petrobrás no Rio Grande do Sul (Foto: REUTERS/Diego Vara)


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Observatório Social do Petróleo -  A nova estratégia comercial da Petrobrás para calcular o valor da gasolina e do diesel, anunciada na manhã de hoje (16), é positiva porque acaba com a política de paridade de importação, mas não apresenta critérios objetivos que garantam, de fato, o “abrasileiramento” dos preços, como prometido pelo presidente Lula. “Os parâmetros utilizados não são claros em relação à definição dos preços, critérios esses que seriam muito importantes para assegurar a ligação dos preços aos custos reais de produção (o abrasileiramento), e assim ofertar ao consumidor brasileiro valores menores do que a paridade de importação”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP) e Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Segundo ele, a principal e mais importante mudança na estratégia comercial da Petrobrás é o fim do PPI (Preço de Paridade de Importação), política que vinha sendo adotada pela estatal desde outubro de 2016. Essa medida foi responsável pelos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha mais altos da história do Brasil em 2022, mesmo tendo uma estatal no setor e produzindo 82% dos combustíveis consumidos internamente no país. “O PPI, na prática, invertia a lógica fazendo o Brasil se comportar não como um produtor, mas sim como se fosse um consumidor de produto importado”, destaca Dantas.

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O aspecto negativo da nova política de preços de combustíveis da Petrobrás, de acordo com o economista, é que os parâmetros apresentados são subjetivos. A estratégia comercial usa como referências de mercado o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobrás. “Na prática, as duas referências já ocorrem. A estatal já oferece, na média, preços mais competitivos do que os importadores e as refinarias privadas em qualquer região do país”, argumenta. 

Para Dantas, com a nova estratégia comercial a Petrobrás voltará a ter liberdade para precificar seus produtos, “abandonando uma regra que, de certa maneira, foi imposta para garantir a existência dos importadores”, declara. 

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Na opinião do secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Eduardo Henrique, o fim do PPI é um passo importante para se criar uma dinâmica de preços diferente, mas existe ainda uma outra medida essencial. “Para 'abrasileirar' os preços de verdade é preciso reestatizar tudo o que foi entregue por Bolsonaro, iniciando pela retomada da BR Distribuidora e das refinarias. Se a direção da empresa seguir condicionada às regras de mercado, não haverá as mudanças necessárias para atender a população", conclui o dirigente.

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