Pensando o consumo

O acesso ao crédito, amplamente difundido, mesmo que em alguns momentos com taxas abusivas, potencializa a realização do sonho de muitas famílias brasileiras



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Um dos fatores que vem reposicionando a economia brasileira em outro patamar é a disposição de nossas famílias consumirem. Muito embora esta nova disposição esteja alinhada ao aumento da formalização do emprego e a elevação da renda, o brasileiro vem gastando e comprometendo cada dia mais sua renda, ampliando sua curva de restrição orçamentária.

O acesso ao crédito, amplamente difundido, mesmo que em alguns momentos com taxas abusivas, potencializa a realização do sonho de muitas famílias brasileiras, que dia a dia, amplia suas possibilidades e vê em novos produtos, necessidades de primeira linha que antes nem ao menos existiam.

Dentro desta análise, é importante reforçar novas variáveis que potencializam o consumo, como a enorme gama de produtos com alto valor agregado (tecnologia) e pesada engenharia de marketing, que associado a um nível inflacionário estabilizado e confiança na manutenção do emprego, fomentam as escolhas, que mesmo comprometendo a renda disponível, sacia o apetite consumista.

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Os movimentos apresentados pelo governo federal vêm em encontro de que efetivamente haverá uma tentativa de destravar as operações econômicas: leia-se estímulos a economia interna e destravamento do crédito.

Porém, nossas autoridades monetárias já sinalizaram que irão controlar muito proximamente a ampliação deste crédito, tendo como confirmação disto a ampliação das informações para concessão de empréstimos com valores acima de R$ 1.000,00.

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O ponto é que, antes, o cadastro para empréstimos abaixo de R$ 5.000,00 eram simplificados, sem necessidade de se comprovar renda, por exemplo. Agora, a ficha cadastral e as informações do crédito deverão ser enviadas para o Banco Central, em todas as operações acima e R$ 1.000,00, e este, controlará o endividamento das famílias, obviamente em um sentido analítico e não de operar financeiro.

Para consolidar e tentar ampliar a mensagem de estímulo à economia, o governo realizou na última semana um encontro com 28 líderes empresariais. Mesmo não sendo uma ação inédita, é louvável a tentativa de ampliar os laços de comunicação entre governo e empresários, alinhando as expectativas entre os agentes econômicos.

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Os empresários ali presentes puderam dialogar e argumentar questões que, ponderadas, serão analisadas na elaboração da política econômica do governo e com certeza serão utilizadas como fator de decisão de investimentos pelo empresariado.

A pauta do consumo das famílias esteve presente no debate, que contou desde empresários do ramo financeiro, atém capitalistas do mercado de varejo. A ideia é que ocorra uma coordenação das atividades, evitando minimizar o efeito de um hiato do consumo, o que seria na verdade um desencontro entre a demanda das famílias apoiadas pelo crédito e a oferta industrial restrita pelo pessimismo do empresário.

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Mesmo que atormentados pelas facilidades que o consumo deverá apresentar, precisa-se primeiro ter total controle do orçamento familiar, a fim de evitar quaisquer exageros ou compras impulsivas, que farão um rombo nas contas domésticas.

A inclusão de mais brasileiros nas faixas B e C alimenta e mantém o apetite de consumir ativos.

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Passado um trimestre com altos valores de gastos, que comprometem o consumo da maioria das famílias e reduzem a renda disponível para a economia, é preciso analisar os valores familiares gastos com impostos, por exemplo.

Mesmo com este aquecimento da demanda interna por produtos, o que vem preocupando a equipe econômica é que parte deste consumo recai sobre importados, ou seja, a demanda aquecida vem sendo atendida via importação de produtos chineses, por exemplo. Fatores ligados ao câmbio contribuem para tal situação, é verdade.

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Enfim, o governo tenta monitorar a evolução do consumo das famílias para que não se crie uma legião de endividados. A tarefa não é fácil, e apenas ratifica como a condução das políticas econômicas transita sobre um verdadeiro fio de navalha. 

Antônio Teodoro é economista e professor

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