O que o Brasil e a família Schincariol ganham com a Kirin?
Distribuição é a palavra-chave para esta empresa japonesa, que coloca nas gôndolas do arquipélago as marcas Heineken, Budweiser e Johnnie Walker Black Label, além da famosa água mineral Volvic
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O mercado de M&A (Fusões & Aquisições) global, se agitou no início de agosto, devido a compra da número dois no ranking brasileiro de cervejas. Algo que já vinha sendo discutido a meses. Mas, o que poucos esperavam era o nome Kirin aparecer como a compradora. Nada tão absurdo para analistas atentos, se contarmos os fatores negativos do mercado japonês em geral. Com o yen supervalorizado, consumo e população em declínio, além das catástrofes ocorridas esse ano, acredito que este é apenas o começo de um caminho sem volta. As empresas japonesas tem duas alternativas para sobreviverem, comprar posições ou iniciar operações no exterior a partir do zero.
Muitos acionistas da Kirin devem ter achado caro o valor pago pelo controle da Schincariol, o que se notou devido a queda das ações, um dia após o comunicado oficial da empresa. Esses acionistas, talvez ainda não entenderam que a compra de ativos no exterior é uma questão de sobrevivência, e não de crescimento, pois o mercado de cervejas está se consolidando, depois dos movimentos dos concorrentes globais nos últimos anos. Após, perdas anuais e a tentativa frustrada de união com a Suntory (Mais antiga distribuidora de bebidas do Japão) e a troca de comando no alto escalão da Kirin, nada mais correto que ir as compras no exterior, pois o objetivo da companhia é chegar em 2015 com faturamento de R$ 60 bi, com 30% vindo do exterior. Já estão sendo feitas várias operações na Ásia e Oceania, para se chegar a liderança nesses mercados e impedir a ação dos grandes players globais, que já dominaram a Europa e Américas. Essa ação no Brasil, não fazia parte do plano estratégico principal, mas é uma oportunidade única de ter uma fatia do mercado onde começar do zero, demandaria muito mais tempo e dinheiro. E o Brasil, é o trampolim para se chegar a outros países da América Latina.
Poucos brasileiros conhecem a marca japonesa Kirin, parte do Keiretsu Mitsubishi e patrocinadora oficial das seleções de futebol nipônica. Dentre essa minoria, estão os “Dekasseguis”, que hoje moram no Brasil. E também os brasileiros no Japão, uma rede “Transnacional” com mais de 1 milhão de pessoas, que já experimentaram os produtos da empresa aqui do outro lado do mundo. A marca Kirin Ichiban Shibori, mais vendida no arquipélago, é uma das preferidas dos brasileiros que aqui vivem. Ela tem boa avaliação no Brasil, e está acima da média das “premium” nacionais, de acordo com os comentários de usuários do site Brejas (http://www.brejas.com.br/cervejas/japao/kirin-ichiban/).
Mas os brasileiros conhecem a força de produção e distribuição da marca de Itu. E, a partir desta força, que a Kirin tem como aumentar sua participação no mercado brasileiro. Com seu know-how centenário, pode agregar sua tecnologia e distribuir mais produtos de qualidade ao consumidor. E pode ir além do setor de bebidas, pois o conglomerado japonês, tem diversidade de operações no setor químico e alimentício. Com grande investimento em P&R (Pesquisa & Desenvolvimento).
Distribuição é a palavra-chave para esta empresa japonesa, que coloca nas gôndolas do arquipélago as marcas Heineken, Budweiser e Johnnie Walker Black Label, além da famosa água mineral Volvic. E, como o seu slogan diz, “Good taste makes you smile”, o Brasil ganha uma empresa que deseja que você atinja um nível de alegria, experimentando produtos com sabor superior. E, somente para completar o título, a família Schincariol vai ganhar muito se souber sorrir e não fazer cara feia para o dinheiro e a tecnologia dos japoneses.
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