O crime compensa?

Para o ex-banqueiro Cacciola, que cumpriu um terço da pena, a resposta é sim



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A algumas quadras do Coliseu, na Via Petroselli, em Roma, há um pequeno monumento à corrupção brasileira. Chama-se FortySeven. Sim, este é o nome de um hotel em Roma, que pertence a ninguém menos que Salvatore Cacciola, o ex-dono do Banco Marka, que acaba de deixar o presídio, em Bangu, no Rio de Janeiro, tendo cumprido apenas um terço de sua pena.

Tido como um dos mais sofisticados endereços de Roma, o FortySeven ganhou esse nome porque tem 47 quartos, minuciosamente decorados. Um luxo. Era lá que Cacciola desfrutava sua dolce vita depois de ter fugido do Brasil, após o escândalo do Banco Marka. Para quem não se lembra, em 1999, na desvalorização do real, o banqueiro tomou um jatinho, pousou em Brasília e praticamente obrigou o Banco Central a vender dólares para o Marka de forma subsidiada. Uma operação que, segundo os procuradores, causou prejuízos de R$ 1,5 bilhão ao sistema financeiro nacional. E o trunfo de Cacciola era o vínculo estreito que ele mantinha com dois economistas do Rio de Janeiro – os irmãos Bragança – que lhe repassavam informações privilegiadas do Banco Central.

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Quando o escândalo veio a público, o governo FHC foi colocado nas cordas, com a queda do então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, e a quase demissão do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Cacciola foi condenado pela Justiça e preso, mas, valendo-se de um habeas-corpus, protagonizou uma fuga espetacular pelo Uruguai, de onde zarpou para a Itália. E lá, com o pé de meia que acumulou no Brasil, fez do FortySeven um pequeno oásis romano.

Na Europa, o ex-banqueiro se beneficiava da dupla cidadania – ele é também italiano – e do fato de a Itália não ter acordo de extradição com o Brasil. Só foi preso novamente porque, cansado da tediosa vida em Roma, decidiu apostar alguns trocados num cassino em Mônaco, quando foi fisgado pela Interpol.

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De volta ao Brasil, Cacciola conheceu a dura realidade. Quatro anos de carceragem e a convivência com os novos amigos presidiários. Mas, no fim, para ele, o crime talvez tenha compensado. Aos 67 anos, Cacciola tem saúde, uma vida de cinema e parte do patrimônio que lhe foi dado pelo BC – e sem falar, é claro, nos 47 quartos do FortySeven.

 

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