Novo escândalo na L’Oréal

EX-CEO da empresa acusado de esquema de corrupo no leste europeu e ligao com o crime organizado



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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris – Depois de ver sua vida pessoal escancarada aos quatro cantos do mundo, a bilionária Liliane Bettencourt pôde enfim se retirar das páginas dos jornais para desfrutar de sua fortuna em paz. A calmaria, no entanto, não durou muito tempo. Um novo escândalo envolvendo seu império francês de cosméticos, a L’Oreal, estourou esta semana. Desta vez porém, o assunto não tem a ver com suas generosas doações. Poucos dias depois de deixar o cargo, o ex-CEO da empresa, Lindsay Owen-Jones, foi acusado por um dos distribuidores de abuso de confiança, abuso de bens sociais, de corrupção ativa e de lavagem de dinheiro. Ainda que os fatos tenham acontecido no final da década de 90, o britânico foi acionado na última sexta-feira, no Pólo Financeiro de Paris.

OJ, como é chamado na empresa, teria arquitetado um esquema de venda paralela da marca em países do leste europeu, na Rússia, na Ucrânia e na Bielorússia. O autor da acusação é o esloveno Janez Mercun, que detem um contrato de exclusividade com a L’Oréal na região. Ele teria sido lesado em 34 milhões de euros. Segundo a denúncia, o objetivo da operação era dissimular a evasão fiscal e principalmente o enriquecimento pessoal do ex-CEO. Para isso, ele teria mantido ligações com o crime organizado. Dois outros ex-dirigentes da L’Oréal, Gilles Weil e Gérard Guyot-Jeannin, fazem parte da acusação.

A empresa não tardou a se defender publicamente. “As falsas revelações se referem a um impasse comercial antigo que data de 1998 e que já foi julgado”, afirma a direção de comunicação em um comunicado. “Depois de cinco decisões favoráveis dos tribunais, a Corte de Cassação deu o caso por encerrado em 2003”, precisa o grupo. Mesmo assim, o assunto pode atrapalhar os planos da L’Oréal de propagar uma imagem de transparência depois do caso Bettencourt.

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Para OJ, o novo escândalo mancha de vez uma carreira emblemática a frente da L’Oréal. O empresário britânico registrou um percurso impressionante no grupo, levando a número um mundial dos cosméticos a uma trajetória de 20 anos de crescimento acentuado. Essa harmonia entre os dois terminou no ano passado quando o presente de 100 milhões de euros que recebeu de Liliane Bettencourt em 2005 foi relevado. Sua imagem foi ainda penalizada quando os acionistas da Nestlé, que detêm 30% do capital da L’Oréal, não apreciaram os contratos de prestação artística de 710 mil euros por ano em favor de François-Marie Banier, amigo íntimo de Bettencourt. Depois disso, seu contrato como CEO, que tinha sido renovado em abril de 2010 até 2014, foi encerrado. Jean-Paul Agon assumiu o posto de presidente em seu lugar. OJ foi mantido como administrador e presidente de honra do grupo. Basta saber até quando continuará lá depois dessa nova polêmica.

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