"Não interessa ao Brasil hoje adesão formal à Nova Rota da Seda", diz Mourão

No entanto, Mourão defendeu algum investimento que sinalizasse a presença de Pequim na América do Sul para colaborar no escoamento de commodities

(Foto: ABr)


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Sputnik Brasil - Há três anos, o vice-presidente Hamilton Mourão, foi à China para participar da COSBAN. De acordo com o jornal O Globo, a visita da autoridade foi considerada por Pequim "um novo capítulo" nas relações com o Brasil.

Entretanto, de 2019 para cá, a comunicação entre o governo chinês e brasileiro não avançou muito, tendo na verdade muitos embates, principalmente por conta da pandemia. Declarações polêmicas contra Pequim como as feitas pelo ex-chanceler, Ernesto Araújo, e até mesmo pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), desestabilizaram a relação.

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Mesmo assim, nesta segunda-feira, 23, Mourão volta a chefiar o lado brasileiro na primeira reunião da COSBAN desde 2019, que será realizada de forma virtual devido às restrições impostas pela política de covid zero chinesa.

Em entrevista à mídia, o vice-presidente disse que os comentários de autoridades brasileiras "realmente causaram algum mal-entendido", mas que em todos aqueles momentos "nós procuramos manter aberto o canal de negociação, o canal de diálogo com a China". Na visão de Mourão, deveria existir algum investimento que sinalizasse a presença de Pequim na região para colaborar no escoamento de commodities.

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"Eu vejo que deveria haver um investimento que marcasse a presença da China, talvez algo como o Corredor Bioceânico, para ligar Porto Murtinho [MS] com o Paraguai e depois chegar aos portos do Chile. Seria uma grande jogada se a China entrasse para investir nisso, porque facilitaria o escoamento de nossa produção de commodities, que é grande parte do comércio que temos com eles, e com isso também baratearia essa produção."

Já em relação à Nova Rota da Seda, a qual a Argentina aderiu este ano, Mourão afirma que "não interessa hoje ao Brasil uma adesão formal à Nova Rota da Seda" e reafirma porque uma injeção de capital chinesa em território brasileiro seria benéfica.

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"[...] nós temos uma quantidade razoável de investimentos chineses no Brasil, de quase US $70 bilhões (R$ 336 bilhões). Um terço está concentrado no setor elétrico e também em utilidades públicas e quase outro terço na indústria manufatureira. Salta aos olhos que apenas 4% estejam em infraestrutura. É por isso que eu disse que nós temos que buscar esse investimento chinês, mostrando a eles que investimentos em determinadas áreas da infraestrutura no Brasil vão beneficiá-los porque isso vai facilitar o escoamento da produção e, consequentemente, o barateamento dos produtos exportados para eles", declarou.

Ao falar em Argentina, o jornal perguntou ao vice-presidente sobre o que ele achava da entrada de Buenos Aires no bloco do BRICS.

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A autoridade afirmou que "isso é algo que tem que ser debatido internamente e ainda não chegamos aqui a uma conclusão sobre isso", mas que em relação ao Mercosul, ao países-membros têm "que estar mais coesos em torno da nossa capacidade de produção de alimentos. Eu tenho uma ideia fixa de que nós poderíamos ser uma grande 'OPEP' dos alimentos".

Sobre a operação russa na Ucrânia, Mourão vê o conflito como "uma janela de oportunidade para o Brasil, porque tanto a Rússia como a China deixarem de irrigar o mercado com determinadas commodities", sobre as quais Brasília tem "condições de, em curto prazo, pelo trabalho que a Embrapa vem realizando aqui, de tapar esse buraco que está sendo colocado na segurança alimentar mundial".

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"[...] E a China é extremamente preocupada com a segurança alimentar de seu povo, ela não pode se dar ao luxo de que 1,4 bilhão de pessoas que habitam o país não tenham comida na mesa. Então acho que a nossa relação, Brasil-China, é extremamente siamesa nesse aspecto. Nós somos grandes produtores de alimentos, a China precisa de alimentos, então a gente precisa trabalhar o tempo todo em cima dessa questão", afirmou.

Sobre a COSBAN deste ano, Serão lançados dois documentos. Um é o plano estratégico, que tem horizonte de dez anos e funciona como uma espécie de bússola para orientar a cooperação bilateral. Outro é o plano executivo, com um prazo de cinco anos e mais específico na identificação dos pontos para uma agenda de trabalho em comum, segundo o jornal Valor Econômico.

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Mourão confirma a prioridade das pautas e diz que "isso dá o norte para as relações entre Brasil e China ao longo da próxima década e ao longo do nosso governo e para o próximo governante".

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