Método de sucesso

Hugo Marques da Rosa criou uma empresa com Henrique Meirelles para continuar seus estudos na USP. Hoje, ele scio de uma das mais respeitadas empresas brasileiras de construo



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Por Márcio Kroehn_247 – O gaúcho Hugo Marques da Rosa viajou de Porto Alegre para São Paulo em 1967 com muitos sonhos e pouco dinheiro. Estudante de engenharia na Escola Politécnica, ele morou no Crusp, o conjunto residencial da Universidade de São Paulo, nos dois primeiros anos universitários. Mas, em dezembro de 68, tanques da ditadura militar invadiram o local para prender os alunos “subversivos” e espalharam o pânico entre os estudantes. Marques da Rosa foi para a rua e, sem recursos financeiros para se sustentar sozinho na capital paulista, precisou inventar uma solução. O que fazer? Tentou dar aula em um cursinho de Piracicaba, mas ficava difícil conciliar a viagem com a dedicação integral ao curso na Poli. A solução veio da ideia de seu colega de Crusp, Abel Packer: criar uma empresa de blocos de concreto.

O Brasil vivia a expansão da construção civil e as olarias não davam conta de entregar tijolos. Packer conhecia alguém que poderia alugar os maquinários; eles só precisavam encontrar um local para começar a produção dos blocos de concreto. Nessa sociedade, um terceiro nome estava envolvido: o também estudante Henrique de Campos Meirelles, que foi presidente do Banco Central do Brasil de 2003 a 2010. Para criar a Diagrama, os sócios tentaram a cidade de Mairiporã, pela proximidade com as fornecedoras de insumos, mas não deu certo. O jeito foi escolher uma cidade do ABC, especificamente Diadema, e aproveitar a explosão da região. “A Diagrama foi formada com muita criatividade e o menor investimento possível”, diz Marques da Rosa, que forneceu o capital inicial dessa empresa: a diferença entre a venda do seu Ford Corcel e a aquisição de um Fusca, para não ficar a pé.

O primeiro problema que a Diagrama enfrentou foi a viagem para o exílio político de Packer – que, anos mais tarde, viria a ser diretor da Bireme, o Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. Antes do primeiro bloco de concreto ser vendido, a empresa tinha apenas Marques da Rosa e Meirelles como sócios. Se esse foi o primeiro percalço, a primeira lição empresarial aprendida por eles veio a seguir: ser sincero com os fornecedores. Sem capital de giro, as compras precisavam ser pagas depois das vendas da produção. Mas na data do vencimento da compra do primeiro carregamento de insumo, eles não tinham como quitar a dívida. “Fomos até o depósito de construção, avisamos que não teríamos como pagar no prazo inicial. Foi extraordinário e conseguimos um tempo maior, sem juros. Procurar o credor foi o melhor que fizemos”, afirma Marques da Rosa.

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Meirelles deixou a Diagrama um ano depois e, em seu lugar, Marques da Rosa convidou Victor Foroni, que também estudava engenharia, com quem viria a criar uma das mais inovadoras e criativas empresas de construção civil do País. A Método Engenharia nasceu em 1973 e ocupou o lugar da Diagrama na vida dos engenheiros Foroni e Marques da Rosa. A empresa de blocos de concreto serviu como a lição prática do empreendedorismo: como lidar com os fornecedores, de que maneira avaliar os concorrentes e como se posicionar em mercados competitivos. “Conheci a construção civil e vi que a parte mais difícil era o planejamento dos processos da produção, que era improvisado. Era o paraíso para um engenheiro de produção como eu”, diz Marques da Rosa.

A Método tornou-se, sobretudo ao longo da década de 80, um símbolo da modernidade e inovação empresarial num cenário marcado pela estagnação e envelhecimento da construção civil. Em um setor com alta rotatividade de pessoal, baixa qualificação de mão-de-obra e condições de trabalho semelhantes às da revolução industrial inglesa, a Método trouxe avanços surpreendentes como a limpeza e a organização dos canteiros de suas obras, a contratação de nutricionistas para aposentar as marmitas, a alfabetização dos operários em salas de aula montadas pela empresa e o uniforme para todos os trabalhadores. “Nossos operários eram chamados de playmobil, pelo capacete e capa amarela em dias de chuva. Mas eles não tinham autoestima e investimos na qualificação”, afirma Marques da Rosa.

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A fase mais difícil aconteceu no início dos anos 80. Com muitos contratos públicos, a Método foi surpreendida com o corte de investimentos das prefeituras em 1982. O ajuste fiscal realizado naquele ano paralisou inúmeras obras que estavam em andamento. “Parou tudo da noite para o dia”, relembra Marques da Rosa. Os 3,5 mil funcionários que começaram aquele ano foram enxugados para 700. Só no Centro Cultural, que estava sob a responsabilidade da Método, 1,7 mil pessoas ficaram sem emprego. O faturamento mensal que passava de US$ 4 milhões foi reduzido para US$ 800 mil. “Tomamos uma primeira grande decisão que foi não trabalhar mais com governos, que mantenho até hoje”, afirma o sócio da construtora.

Em quase quatro décadas de atuação no mercado brasileiro, a Método acumulou mais alegrias do que tristezas, mais vitórias do que derrotas, mais ganhos do que prejuízos. Um dos períodos ruins foi a separação de Foroni e Marques da Rosa, em julho de 2004, depois de 31 anos de parceria. Mas, como sempre fez, a Método tratou de se reinventar, dessa vez com apenas um de seu criadores. “Eu continuo querendo inovar”, diz Marques da Rosa.

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Resiliência, as fundações do empreendedor Made in Brasil

Por Ricardo Bellino - Se há uma característica que se destaca na trajetória do engenheiro Hugo Marques da Rosa, de 58 anos, dono da construtora Método, é sua capacidade de se envolver em situações-limite -- e safar-se delas. Ainda estudante, foi preso três vezes pelo regime militar. A primeira delas durante o famoso congresso da UNE, em 1968, em Ibiúna, no interior de São Paulo. Numa de suas passagens pelos porões da ditadura, chegou a dividir a cela com o ex-ministro José Dirceu. Em 1995, aceitou o convite do então governador Mário Covas para comandar a Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras de São Paulo, da qual fazia parte a encrencada Sabesp, a empresa estadual de saneamento. Em quatro anos, Rosa não só resolveu os problemas da estatal como conseguiu valorizar suas ações quase 20 vezes. Hoje, o empresário vive um novo desafio. Sua missão é dar maior fôlego à Método, construtora que ele fundou em 1973, experimentou seu auge no início dos anos 90 e depois mergulhou em uma profunda crise financeira. Vítima do próprio sucesso, a Método cresceu além de sua capacidade e cometeu um erro estratégico ao contar com um aporte de capital que nunca chegou. O resultado foi uma dívida que beirou os R$ 100 milhões e deprimiu os resultados da empresa por quase uma década.

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A grande lição que podemos tirar dessa historia é que o empreendedor é aquele que se molda às circunstâncias e não tem medo de assumir riscos e dar a volta por cima. Essa característica de se moldar, denominada como "resiliência", define o verdadeiro espírito do empreendedor Made in Brasil.

Resiliência, que palavra! A palavra vem do latim “resilio”, que significa voltar ao estado natural. O conceito de resiliência para as ciências humanas é “a capacidade de um indivíduo em possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade do indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente frente as adversidades”.

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A beleza e a motivação da resiliência estão em você poder escolher como perceber e responder às situações adversas. O conceito vem da Física e é aplicado ao comportamento humano permitindo mudanças nas atitudes e na qualidade de vida das pessoas diante do caos do dia-a-dia de cobranças, prazos, pressões, muita tensão e estresse acumulado. As pessoas não podem saber se vão ou não ficar com raiva quando algo inesperado acontecer em suas vidas, mas podem sim definir quanto tempo vão querer ficar alimentando esse sentimento, assim como fazer para canalizar essa emoção com uma ação construtiva.

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