Mantega mais perto de desvalorizar o real

Ministro da Fazenda d pistas que poltica de cmbio vai mudar; bblia do capitalismo global, Financial Times aposta que governo ter de depreciar moeda brasileira; presses de multinacionais se ampliam



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Por Márcio Kroehn, 247_A política do Governo Federal para o câmbio está prestes a mudar radicalmente. A desvalorização do real entrou no radar do Ministro da Fazenda, Guido Mantega – a depreciação da moeda brasileira já está sendo considerada por órgãos respeitados da imprensa internacional como uma medida inevitável. Há alguns dias, o Ministro mandou o recado: o câmbio flutuante no curto prazo ficou inviável. A frase, que parece apenas uma reclamação, na verdade é um típico balão de ensaio. Esse é um artifício utilizado pelos governantes sempre que há a necessidade de sentir a reação do mercado com uma mudança drástica de rota. Desta vez, é a alteração no sistema cambial brasileiro. “Temos que surpreender. As medidas são sempre uma novidade”, disse o Mantega na manhã de hoje durante a divulgação do PIB.

O dólar não para de se desvalorizar frente ao real. Está difícil manter essa relação acima de R$ 1,60, o que na visão do governo tem prejudicado o crescimento do País. Nem as medidas mais recentes conseguem conter o movimento ladeira abaixo da moeda americana. A alta da taxa de juros, que chegou a 12% ao ano, não freou o consumo nem bloqueou o apetite dos investidores estrangeiros que, se não compram ações das empresas brasileiras, abocanham os títulos da dívida nacional, que paga o maior prêmio entre os emergentes. E quanto mais dólares entram, mais forte fica o real.

A saída para o Governo seria forçar a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar. Quando esse movimento acontecerá? Tudo vai depender da coragem da presidente Dilma Rousseff assumir que o câmbio flutuante não serve para o Brasil. Guido Mantega tem jogado a isca desde o início do ano. O Ministro brasileiro sugeriu a adoção da moeda flutuante para todos os países que compõem o G-20. Isso ajudaria a manter o equilíbrio de forças e corrigir as distorções que estão inchando o valor do real. Como dificilmente as economias mais avançadas adotarão essa sugestão, a ação está nas mãos da presidenta brasileira. O Financial Times, uma das bíblias das finanças mundiais, tem apostado que essa é a única saída para o que eles chamam de “bolha Brasil” não estourar. Nos últimos meses, o jornal inglês tem colocado pressão em uma rápida decisão das autoridades brasileiras. Inclusive repercutindo com empresários de multinacionais. O presidente da Siemens, Adilson Primo, por exemplo, afirmou que quanto mais próximo o real ficar de 1,5 por dólar mais difícil é manter a competitividade.

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Forçar a depreciação do real frente ao dólar parece ser a saída para o PIB brasileiro continuar em crescimento nos próximos anos e a inflação não afetar o desempenho da economia nacional. Mais importante: interromper o peso cada vez maior do Brasil na formação do PIB mundial, o que leva naturalmente o real a se aproximar da cotação de R$ 1 para US$ 1. De acordo com estudo da consultoria Austin Rating, o PIB dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) passará de 11,8% em 2010 para 22,4% em 2020. Só o Brasil saltará de 2,2% para 3,6% no mesmo período. Isso levará as moedas desses países a ficarem cada vez mais forte, se não houver qualquer medida para interromper as valorizações. “O real tende a se valorizar mais que outras moedas, naturalmente. A tendência nos próximos anos é a cotação se aproximar de R$ 1 para US$ 1”, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin. Em conversa privada com gestores de investimento, um ex-diretor de política monetária do Banco Central disse que falar em patamar ideal de taxa de cambio é insanidade, mas há algum tempo a moeda brasileira está extremamente valorizada. Medidas precisam ser tomadas. O recado está dado?

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