Mantega degola Agnelli
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, venceu a queda de brao com o Bradesco e conseguiu derrubar o presidente da Vale. Roger Agnelli deixar o cargo depois de ter internacionalizado a companhia e fechado 2010 com lucro de R$ 30 bilhes
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247 - Após um ano de intensas pressões, Roger Agnelli enfim perdeu o posto de presidente da Vale, a maior empresa exportadora do País. Oficialmente, a empresa é privada, controlada pela Bradespar, a empresa de participações do Bradesco, mas ela sofre ingerência do governo federal, por meio dos fundos de pensão de empresas estatais, que são também acionistas. Agnelli deixa a companhia com balanço positivo. O lucro de 2010 foi de R$ 30,1 bilhões. Na gestão Agnelli, a empresa também se internacionalizou, tornando-se a segunda maior mineradora do mundo, atrás apenas da australiana BHP Billiton. Uma das aquisições mais importantes conduzidas por Agnelli foi a da canadense Inco. Sua demissão, confirmada pelo Bradesco, é uma vitória pessoal do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vinha pressionando por uma mudança há vários meses.
Seu substituto ainda não foi definido, mas várias possibilidades vêm sendo estudadas pelo governo e pelo Bradesco. Uma possibilidade seria uma solução caseira – neste caso, o favorito seria o executivo Tito Martins, vice-presidente da mineradora. Caso venha alguém de fora, o nome mais forte é o de Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora e amigo da presidente Dilma Rousseff. Também têm sido mencionados nomes como Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, Fabio Barbosa, presidente do conselho do Santander, e Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel e Celulose.
Agnelli entrou na linha de tiro de Mantega quando demitiu da Vale o diretor Demian Fiocca, pupilo do ministro da Fazenda. Curiosamente, Fiocca hoje trabalha com Landim, numa empresa de investimentos. O presidente da Vale também sofreu intensas críticas do ex-presidente Lula, no ano passado, sob um argumento falacioso: o de que a companhia não investia tanto em aço como deveria. O fato é que o maior projeto siderúrgico do País, o da Companhia Siderúrgica do Atlântico, no Rio de Janeiro, tem a Vale como sócia, em parceria com a alemã Thyssen Krupp.
Privatizada em 1997 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a Vale sempre esteve na mira do PT. O partido chegou até a propor um plebiscito para a reestatização da companhia. Quando Lula chegou ao poder, em 2003, os fundos de pensão fizeram uma composição com Agnelli e a convivência foi pacífica até 2009. Naquele ano, quando a Vale anunciou que demitiria 1,4 mil funcionários em função da crise mundial, passou a ser atacada pelo presidente Lula, que falava, com razão, em “marolinha”.
Agnelli se esforçou muito para se manter no posto, desfilando números positivos de sua gestão. Desde a privatização, as ações da companhia subiram mais de 3.400%. Nos 55 anos em que foi estatal, a empresa pagou US$ 3 bilhões em dividendos. Nos 12 anos pós-privatização, distribuiu US$ 11 bilhões. E o número de funcionários subiu de 10 mil para mais de 60 mil. Mas nada disso foi suficiente. A troca de comando, neste momento, alimenta as críticas de que o PT poderia reforçar um “capitalismo de Estado”, com maior intervencionismo na economia.
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