Mais Unibanco que Itaú?
Segunda grande mexida na cpula do maior banco privado do Pas em menos de dois meses fortalece grupo de Pedro Moreira Salles (dir.) sobre o de Roberto Setbal (esq.)
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Mais Unibanco que Itaú?
Marco Damiani_247 – Uma dança das cadeiras acaba de mexer com a cúpula do maior banco privado do País, o Itaú Unibanco. Na quinta-feira 7, a instituição informou ao mercado uma mudança administrativa –¬ a segunda em dois meses –, que não teve nada de trivial. Ao contrário. Ela indica, de acordo com observadores especializados no mercado financeiro, o aumento da influência do banqueiro Pedro Moreira Salles (Unibanco) sobre Roberto Setúbal (Itaú). Ambos são, respectivamente, presidente do Conselho de Administração e presidente executivo do Itaú Unibanco. Dois ex-executivos do Unibanco assumiram novas posições de mando no banco, o que, naturalmente, altera a correlação de forças.
Filho de Milú Vilela, a maior acionista individual da Itaú, o executivo Ricardo Marino deixou o estratégico cargo de vice-presidente de Recursos Humanos para assumir uma cadeira no conselho do banco português BPI e manter-se como responsável pelas operações na América Latina. Tudo muito confortável, mas pouco relevante. Tanto mais para ele, que é sempre cotado como sucessor de Roberto Setúbal na presidência da instituição. Com cerca de 100 mil funcionários, o Itaú Unibanco enfrentou em fevereiro uma chuva de reclamações de bancários pelo reajuste de 24% nos valores cobrados pelos planos de saúde dos funcionários. O mal estar foi acentuado pelo fato de a informação ter circulado oficialmente apenas um dia antes do pagamento dos salários. Responsável pelo setor, Marino esteve na linha direta das críticas.
Outro quadro histórico do Itaú que deixa o comando é Ruy Moraes de Abreu, filho do ex-presidente do Itaú, José Carlos Moraes de Abreu, o homem que sucedeu a Olavo Setúbal e guardou o lugar para Roberto Setúbal. Grato, porém objetivo, Setúbal, agora, redigiu um comunicado com tom poético para registrar o fim da era dos Moraes de Abreu no comando do banco. Ruy igualmente podia ser visto como um potencial sucessor de Roberto, que já anunciou ter planos para se aposentar.
Enquanto isso, dois ex-diretores do Unibanco, Marcos Lisboa e Zeca Rudge, assumiram agora novos postos no comando do Itaú Unibanco. Lisboa passa a ser responsável pela rentável área de Seguros, enquanto Rudge, que ocupava essa cadeira, irá se sentar na poltrona que era de Marino, no RH. Ambos ganharam poder. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Lisboa vai para um setor de visibilidade e que está em franco crescimento no Brasil. Rudge, por seu turno, irá acumular no RH as bem fornidas e influentes áreas de marketing e relações institucionais. No comando do pessoal, ele terá a tarefa, sempre complicada, de consolidar a fusão entre as culturas corporativas dos dois bancos que se uniram em novembro de 2008. Se se sair bem, completa a curva que irá deixá-lo na reta sucessória. Lisboa corre com ele em parelha.
Dois meses atrás, uma alteração importante na instituição foi a saída de Geraldo Carbone, ex-Banco de Boston. Ele era vice-presidente responsável pela vital área de Varejo, ficando em seu lugar Marco Bonomi. Depois da fusão, Roberto Setúbal assinou comunicado em que registrava que o novo Itaú Unibanco não poderia se contentar mais com o bom, apenas, mas somente com o ótimo. Bonomi tem, entre outras, a missão de tirar o Itaú Unibanco das primeiras posições na lista de reclamações do Banco Central, apurada mês a mês.
A dança das cadeiras de agora vem na esteira de uma confusão contábil do Itaú Unibanco frente ao mercado. Com intervalo de poucos dias, a instituição anunciou nada menos que três resultados para 2010, com diferenças de cerca de R$ 1 bilhão entre eles. Isso porque seus responsáveis utilizaram diferentes critérios contábeis. Brasil 247 noticiou as alterações nos resultados, pediu e obteve da assessoria de imprensa do banco o seguinte esclarecimento: “O lucro líquido do Itaú Unibanco em 2010 pelos padrões brasileiros de contabilidade (BRGaap), de R$ 13,323 bilhões, está líquido da parcela dos acionistas não controladores. O resultado que se compara a esse valor pelas demonstrações IFRS é R$ 11,708 bilhões. O lucro de R$ 12,493 bilhões inclui a parcela dos minoritários, de R$ 785 milhões, destacada nas demonstrações contábeis completas em IFRS - Relações com Imprensa – Itaú Unibanco”.
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