Lula tinha razão, mercado percebeu e Selic deve cair, diz André Roncaglia

Para o professor de Economia da Unifesp, o BC se vê obrigado a reduzir a taxa de juros e encontrar outros meios para conter a inflação: "a Selic vai ter de cair na marra"

Lula e André Roncaglia
Lula e André Roncaglia (Foto: Reuters/Adriano Machado | Marcello Casal Jr/Agência Brasil | Reprodução/Youtube)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Criticado desde quando passou a falar contra a abusiva taxa de juros mantida pelo Banco Central - de 13,75% ao ano -, o presidente Lula (PT) tinha razão e agora o mercado também reconhece a necessidade de mexer na Selic, escreve o professor de Economia da Unifesp e doutor em Economia do Desenvolvimento pela FEA-USP André Roncaglia em artigo publicado pela Folha de S. Paulo na noite desta quinta-feira (9).

No início, diz ele, o mercado entendia que o maior risco à economia brasileira "era exclusivamente fiscal" e "isso permitia entrincheirar a postura de cobrar do governo indicações de responsabilidade fiscal". 

continua após o anúncio

No entanto, percebeu-se o risco real: uma crise de crédito no país, segundo o professor. "Gestores de ativos e consultorias começaram a expressar preocupação com a meta irrealista de inflação em 2023 e 2024 e com o nível da taxa de juros definida pelo BC (Banco Central). O motivo da mudança: a possibilidade de ocorrência de um credit crunch (dito em inglês, para não reconhecer que Lula tinha razão)".

>>> Haddad apresentará novo marco fiscal ao presidente Lula na semana que vem, diz Randolfe

continua após o anúncio

A fraude contábil da Americanas também impactou o cenário macroeconômico, aumentando a aversão a risco dos bancos e deixando-os mais criteriosos para empréstimos.

"O encarecimento agudo do crédito agrava a fragilidade financeira da economia. As empresas precisam gastar cada vez mais recursos para honrar suas despesas financeiras. Nessa situação, o estopim que converte a fragilidade em crise pode ser um choque adverso —por exemplo, uma desvalorização abrupta da taxa de câmbio causada por eventos externos. Como uma crise financeira assusta muito mais do que inflação acima da meta, o BC se vê obrigado a reduzir a taxa de juros e acionar outros instrumentos para conter pressões inflacionárias. Traduzindo: a Selic vai ter de cair na marra", afirma Roncaglia, que diz mais à frente: "o governo tem na mão a capacidade de arbitrar o tamanho da queda da taxa de juros, ganhando espaço fiscal sem gerar temores nos desconfiados, pelo menos até a discussão do Orçamento de 2024, em agosto. O jogo virou. É hora de aproveitar a oportunidade".

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247