Internacionalização do iuan é processo gradual, diz economista

Rusal, maior produtora de alumínio da Rússia, emitiu títulos denominados em iuan; mais empresas russas devem seguir esse caminho, preveem analistas

(Foto: Sputnik)


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Leonardo Sobreira, de Guangzhou (247) - O movimento global no sentido da 'desdolarização' ganhou um novo ímpeto em 2022.

A Bolsa de Valores de Moscou começou nesta semana a negociar títulos denominados em iuan através de papéis emitidos pela Rusal, a maior produtora de alumínio da Rússia, em mais um exemplo do crescente peso da moeda chinesa no exterior. Analistas do Gazprombank preveem que mais empresas russas devem seguir esse caminho, considerando ser improvável no curto prazo o levantamento das sanções impostas contra a economia russa após a invasão da Ucrânia. 

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O mercado de títulos 'dim sum' (dívidas denominadas em iuanes emitidas em Hong Kong) caminha para seu melhor ano desde 2016, com o volume de ofertas aumentando 145% em relação a 2021, já superando o total daquele ano, segundo dados da Refinitiv. 

Em junho, a maior produtora de cimento da Índia, a UltraTech, adotou iuanes na compra de carvão russo. No mês seguinte, o Banco Central indiano anunciou um plano para utilizar rúpias no comércio exterior, facilitando a compra de petróleo da Rússia. 

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Moscou, por sua vez, exige o pagamento em rublos pela energia exportada para países europeus, o que levou a moeda a se tornar a de melhor desempenho no ano, seguida pelo real. 

A Arábia Saudita e a China mantêm conversas para denominar parte do comércio de petróleo entre os países em iuanes.

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No cenário econômico internacional conturbado, a estabilidade do iuan atrai o interesse de diversos países em usá-lo como reserva. Sua participação nas reservas globais era de 2.9% em março, ante 2.5% há um ano, segundo dados do FMI. 

Zhou Yu, diretor do Centro de Pesquisas sobre Finanças Internacionais da Academia de Ciências Sociais de Xangai, destacou ao Global Times que os países ocidentais perderam a confiança de investidores estrangeiros após as decisões tomadas contra a Rússia, o que os levou a buscar diversificação e o iuan a se tornar a moeda preferencial. Diversificar para o iuan é condizente com seus interesses econômicos, afirmou Zhou. 

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Ao mesmo tempo, o dólar americano não apresenta sinais de enfraquecimento. À medida que o Federal Reserve aperta os cintos para controlar uma inflação galopante, a moeda registrava em julho alta de 15% ante o iene japonês, de 10% ante a libra esterlina e de 5% ante o iuan, tendo atingido paridade ante o euro. A entrada em recessão técnica parece não ter afugentado investidores, diante de quadros mais graves em outras regiões, como na zona do euro. 

Segundo dados do Fed, mais de 80% de todo comércio internacional é denominado em dólares americanos. Em 2021, o dólar representava 60% das reservas estrangeiras (a participação era de 71% em 2000), superando o euro (21%), o iene (6%), a libra (5%) e o iuan (2%).

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O economista ressalta que estes fatos são incontornáveis. Segundo ele, a internacionalização do iuan deve ser vista como um processo gradual, afinal, foram necessárias décadas para o dólar ultrapassar a libra esterlina, mesmo após a economia americana ultrapassar a britânica. 

O comércio entre membros do BRICS (bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e em processo de expansão) é uma via para a intensificação dessa mudança, segundo especialistas russos consultados pelo GT.

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Diante das sanções e do aumento dos preços de commodities, a Rússia manifestou em julho interesse em aumentar acordos em moedas nacionais com países do BRICS, Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) e União Econômica Eurasiática (EAEU, na sigla em inglês). 

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