Inflação deve continuar alta em 2022, aponta supervisora do Dieese

Aumento da taxa de juros não ataca o problema e faltam políticas públicas para o controle dos preços de itens básicos

Pessoas passam em frente a loja em rua comercial de São Paulo
Pessoas passam em frente a loja em rua comercial de São Paulo (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)


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Rede Brasil Atual - O mercado financeiro projeta, segundo o boletim Focus, do Banco Central (BC) divulgado na segunda-feira (10), inflação novamente acima do teto da meta em 2022, chegando a 5,02%. Como a meta também foi ultrapassada em 2021, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, teve que justificar o resultado em carta aberta nesta terça-feira (11), na qual prevê uma trajetória de queda ainda no início deste ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 10,06% no ano passado, mais do que o dobro do ano anterior (4,52%) e com a maior taxa nos últimos seis anos (10,67% em 2015). 

Mas o mais provável é que a inflação continue subindo em 2022. O mercado financeiro já errou inclusive em relação à inflação de 2021, que foi mais do que o dobro do previsto no fim de 2020. Em entrevista a Glauco Faria, noJornal Brasil Atual, a supervisora de pesquisas do Dieese, Patrícia Costa, afirma que o cenário se agrava por conta de decisões equivocadas do governo Bolsonaro.

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De acordo com ela, não há uma orientação do governo federal para controlar os chamados preços administrados de produtos que pressionam o consumo, somente a “política pública de maior lucro”.  É o caso da gasolina, por exemplo, que aumentou 47,49% em 2021, enquanto o etanol aumentou 62,23%. Outro item essencial, a energia elétrica também registrou alta acima dos dois dígitos, de 21,21%. Enquanto o gás de botijão teve aumento médio de 36,99%. Itens de alimentação no domicílio também subiram 8,24%, com destaque para o café, que teve aumento de 50,24%.

Decisões erradas e inflação

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“Esse é o nosso governo. O brasileiro vem pagando por tudo porque no Brasil o governo priorizou o lucro de pequenos grupos”, contesta Patrícia. A supervisora ressalta que a tentativa de aumentar a taxa de juros “não ataca o problema da inflação, que está na oferta.”

“Para as commodities, era preciso que parte dos alimentos ficasse aqui por meio de uma política de estoques reguladores. Para o petróleo, seria necessário subsidiar esses impactos e desfazer essa política de paridade (com preços do mercado internacional). E a Petrobras, como uma empresa rica que é, deveria subsidiar parte desses impactos para que o consumidor brasileiro não sinta tanto”, pontua. Tem várias políticas que precisam ser feitas mas elas necessitam de uma intervenção nos preços. E o governo, pelo que parece nesses três anos, tem por ideia não interferir, deixa acontecer. No ‘deixa acontecer’ é essa pandemia que não termina somada a um descaso em relação aos preços, consumo e mercado internos e de trabalho. Um descaso em relação ao Brasil.”

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Segundo Patrícia, essa tendência continuará neste ano. No início da tarde desta terça, a Petrobras anunciou um novo ajuste nos preços de combustíveis. o primeiro desde outubro do ano passado. O novo aumento dá sequência à chamada política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que corrige a tarifa com base no mercado internacional e na variação do câmbio “O objetivo da Petrobras, uma grande empresa de grande posição mundial, é desviado para priorizar o lucro dos acionistas em detrimento do povo brasileiro, que não consegue comprar um botijão de gás e precisa cozinhar a lenha”, finaliza Patrícia.

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