Histórico de brigas entre irmãos marca o clã Diniz

Rumores de que Luclia e Sonia Diniz esto vendendo suas aes do Po de Acar relembram outros rachas da famlia; Abilio fez a irm chorar em pblico; agora a desforra?; mgoas marcam relao dos cinco filhos do patriarca Valentim



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Marco Damiani _ 247 _ Os rumores de que as irmãs de Abilio Diniz, Sônia e Lucília, já estariam vendendo pesadamente suas ações do Grupo Pão de Açúcar indicam mais uma divisão no histórico de brigas e rompimentos que marca a trajetória do clã Diniz. Desde a abertura, pelo casal Floripes e Valentim Diniz, em 1948, da pequena doceira que se tornou a pedra fundamental para a mais vistosa rede de supermercados do Brasil, seus herdeiros já protagonizaram rachas públicos históricos, dirimidos apenas por acordos extrajudiciais formais e detalhados, sempre acompanhados de perto pela sociedade. Agressões físicas e lágrimas públicas incluem-se no roteiro das brigas dos Diniz.

A separação litigiosa mais recente se deu, exatamente, entre Abilio e Lucília. Dois anos atrás, as aparências indicavam que tudo ia bem entre o casal de irmãos, mas uma diferença comercial que cheirava a ciúmes já os dividia. Mulher extrovertida que ganhou fama pessoal ao superar a gordura corporal, Lucília escreveu livros de sucesso e criou sua própria marca de alimentos pouco calóricos, a Good Light. As grandes lojas do Pão de Açúcar serviam-lhe de palco de exposição e venda de todos os seus produtos, até que Abilio resolveu ter a ideia de ele próprio criar uma marca para uma linha muito semelhante de bebidas e alimentos, a Taeq. Em seguida, rompeu a parceria com a irmã, levando-a a chorar durante uma entrevista coletiva em que anunciou o novo destino de sua marca: o Carrefour. Mais tarde, além de estar presente no supermercado concorrente ao de sua família, Lucília ainda assinou com a Nestlé um contrato de produção em larga escala dos produtos Good Light. O movimento de agora, de venda de ações no momento em que Abilio mais precisa de acionistas ao seu lado, indica um gesto que tem muito de vingança pessoal dela contra ele. Lucília, afinal, ficou do lado de Abilio, nos tumultuados anos 80, quando ele vivia às turras com seus irmãos Alcides e Arnaldo pelo controle do grupo diante da sucessão do pai.

A troca de comando de Valentim para os seus filhos foi, sem dúvida, o momento mais belicoso das relações entre os Diniz. O processo sucessório foi aberto no início dos anos 80, quando o chefe do clã já contava com mais de 70 anos de idade. As primeiras discussões aconteceram em família, mas avançaram para as bancas advocatícias especializadas em litígios. Nesse caminho, conta-se que até mesmo uma cena de tapas entre os Diniz aconteceu envolvendo o pai. A partir da posição de Abilio como diretor do grupo, as dicussões sobre partilhas de ações e de bens entre ele e seus irmãos Alcides, Arnaldo, Lucília e Sonia se estenderam, na prática, por mais de dez anos. Abilio e Alcides, que haviam vencido em dupla, em 1970, a prestigiada corrida automobilística Mil Milhas de Interlagos, já não se encaravam ou falavam. Uma mínima faísca, àquela altura, provocava explosões de fúria de ambos os lados. Até que Abilio conseguisse assumir diante dos irmãos a posição majoritária como acionista, em 1992 – ele precisou ter Lucília e Sonia a seu lado para chegar à posição de liderança --, as brigas entre eles, por pouco, não custaram a sorte do próprio grupo, que conheceu o estado pré-falimentar em 1990, apenas quatro anos depois de chegar à liderança absoluta como rede varejista de alimentos no Brasil, com 622 endereços e 54 mil funcionários. Não havia a menor unidade ideológica quanto o melhor rumo a dar ao Grupo. Em meio à instabilidade nos negócios, agravada por uma série de planos econômicos que a todo momento alteravam regras e mudavam o comportamento do consumidor, os Diniz conseguiram combinar, a duras penas, que Alcides e Arnaldo abririam passagem para Abilio fazer do seu jeito. Em 1988, Alcides vendeu ao pai, por estimados US$ 120 milhões, as ações que possuía no Grupo.

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Mesmo com a paz estabelecida por capitulação dos irmãos adversários, Abilio ultrapassou os anos 90 em constante agitação. Ele foi condenado, em 1996, a um ano e quatro meses de prisão, em razão de um empréstimo considerado ilegal entre duas empresas de sua propriedade. A sentença tornou-se absolvição em segunda e definitiva instância. Em 1999, Abilio pilotou a operação que resultou na entrada do grupo francês Casino, que agora se diz traído por ele, em 24% do capital do Pão de Açúcar. Ontem, Abilio afirmou, em uma de suas várias entrevistas à mídia, que poderá superar a oposição do Casino à sua proposta de fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour, pela atração dos acionistas minoritários. No dia seguinte, suas duas irmãs, Lucília e Sonia, acionistas minoritárias, aparecem em notícias de que estariam vendendo todas as suas ações no Grupo. Algo como se dissessem ao irmão: faça como você sempre fez, mas não conte conosco.

 

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