Grupo Amaggi vende antecipadamente 60% da produção de soja da safra 2022/2023

Comercialização comprova aquecimento do mercado global de alimentos

Homem manuseia grãos de soja durante estação da colheita perto da cidade de Campos Lindos
Homem manuseia grãos de soja durante estação da colheita perto da cidade de Campos Lindos (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


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SÃO PAULO (Reuters) - A Amaggi, um dos maiores conglomerados do agronegócio do Brasil, já comercializou cerca de 60% de sua safra de soja esperada para o ciclo 2022/23, patamar que supera a média da maioria dos agricultores, em uma estratégia definida pela empresa como conservadora, de vendas alinhadas com a aquisição de insumos.

"A gente vende para cobrir os custos. Historicamente, estamos em linha com o que estamos em todos os anos... mas que nem sempre está em linha com o que o mercado está fazendo", disse à Reuters o diretor de Operações Agrícolas da companhia, Pedro Valente.

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O percentual de vendas da Amaggi é praticamente o dobro do registrado em Mato Grosso, onde a companhia concentra sua atuação agrícola, e supera em 40 pontos percentuais a média Brasil para o período, conforme dados da consultoria Datagro, que vê produtores nacionais mais cautelosos com aumento de custos e preocupações climáticas.

Mas na Amaggi Valente disse que, mesmo atento a todos estes fatores do mercado, a companhia prefere ser assertiva naquilo que, de fato, pode ter controle, que é sua gestão de custos.

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"É melhor aproveitar as oportunidades do que ficar tentando acertar qual é o melhor momento (para venda)", afirmou o diretor da companhia da família do empresário e ex-ministro Blairo Maggi.

O executivo não detalhou, por questões estratégicas da empresa, se as vendas já fechadas compensam o total de despesas para a safra 2022/23.

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Para ele, a lentidão na comercialização desta safra, em geral no Brasil, também está atrelada a uma demanda mais acomodada na ponta do comprador de soja.

"O que se tem hoje é um desaquecimento geral da economia mundial e você não vê pressa de compra por quem consome... A China, principal consumidora de soja, segue com todo o problema ligado à Covid", exemplificou.

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A Amaggi é um grupo que atua também em outros setores do agronegócio. Além da produção, a companhia tem divisões de processamento/logística, energia e trading, comercializando 18 milhões de toneladas/ano em todo o mundo, com escritórios na Argentina, Paraguai, Holanda, China e Cingapura.

Segundo Valente, as vendas antecipadas de algodão 2022/23 da empresa também estão em torno de 60%, enquanto as de milho estão em 35%.

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Nesta safra, a área total da Amaggi --considerando soja, algodão e milho-- deve crescer cerca de 5,6% em relação ao ciclo de 2021/22, para 381.154 hectares.

O diretor disse que a empresa inicialmente planejava manter a área de soja nos mesmos 175 mil hectares cultivados na última temporada, mas preferiu reduzir para 170,6 mil e apostar em uma elevação para o algodão, que é a cultura considerada mais importante para a companhia.

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Com isso, a área da pluma, entre safra e "safrinha", deve subir de 149,4 mil para 175,1 mil hectares no ciclo atual.

No total, somadas as três culturas, a companhia deve produzir 1,55 milhão de toneladas, versus 1,19 milhão na safra passada, um crescimento de mais de 30%, acima do aumento da área, com expectativa de melhores produtividades.

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CLIMA PREOCUPA

"Na média, a maioria das pessoas plantou em uma janela climática melhor do que no ano passado", disse Valente sobre a soja 2022/23 que está sendo semeada.

Para a Amaggi, ele calcula que falta cerca de 1,15% da área para que o plantio da oleaginosa esteja encerrado.

O diretor contou que, até o fim de outubro, o clima estava mais chuvoso, favorável ao plantio. No entanto, nas últimas duas semanas o Mato Grosso começou a passar por um período mais seco.

"Mato Grosso está sofrendo com uma instabilidade pelo La Niña... não é comum este período com veranico", disse.

"Temos preocupação sim, talvez não tão severa como está acontecendo no Sul e Sudeste, mas a preocupação é real."

Considerando que este é o terceiro ano consecutivo de La Niña, ele lembrou que o que tem acontecido nestes últimos anos é um aumento de estiagem e depois um amplo volume de chuvas de uma vez só.

"A questão não é volume da chuva, mas a distribuição dela... Não precisamos de chuvas volumosas, mas constantes", afirmou.

Caso o clima colabore, a ideia é colher a soja e terminar o plantio do algodão segunda safra da Amaggi até 5 de fevereiro.

Para o milho, a semeadura da safra deve ir até 26 de fevereiro, na tentativa de garantir uma janela de plantio ainda melhor que a do ano passado.

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