Governo põe panos quentes na tensão entre Haddad e Gleisi à espera de novos rounds

Os embates entre a presidente do PT e o atual ministro da Fazenda não são de agora e nem causados apenas por divergências econômicas

Fernando Hadadd e Gleisi Hoffmann
Fernando Hadadd e Gleisi Hoffmann (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Eduardo Matisyak)


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BRASÍLIA (Reuters) - Depois de uma vitória da equipe econômica na reoneração dos combustíveis, a ordem no governo é colocar panos quentes no embate entre a ala política, representada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a economia liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já que vem pela frente uma discussão ainda mais dura sobre arcabouço fiscal e reforma tributária.

Fontes ouvidas pela Reuters não têm dúvidas de que houve uma vitória tática da equipe econômica, depois de um ataque direto de Gleisi Hoffmann, que se manifestou contra a reoneração até que a Petrobras revisasse sua política de preços, em uma postagem nas redes sociais considerada fora do tom até pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"Foi só uma opinião da presidente do PT. Ela pode dar uma opinião, não?", disse um ministro palaciano, ressaltando que é saudável opiniões divergentes e o presidente é quem toma a decisão final.

A cobrança de Gleisi, no entanto, foi vista como uma acusação de que o governo cometeria um estelionato eleitoral se Lula autorizasse a reoneração. A postagem, feita na sexta-feira depois do Carnaval, incomodou a equipe econômica a ponto de Fernando Haddad ligar para a própria Gleisi e, também, para Lula, de quem ouviu que não havia decisão e que o presidente ouviria a proposta na segunda-feira.

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A equipe econômica trabalhava já há algumas semanas em dois cenários possíveis de reoneração, um com a volta total dos impostos, outra com um percentual menor, mas com alternativas que recompusessem a arrecadação, como a inclusão do imposto sobre exportação. Esse último, que traria um aumento de 0,34 na gasolina, foi levado ao presidente, já que respeitava um limite de aumento que o próprio Lula considerava o ideal.

"Foi um resultado bom. Coloca um freio em algumas coisas. As soluções estão sendo buscadas em conjunto, não é uma imposição", disse uma das fontes.

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Os embates entre a presidente do PT e o atual ministro da Fazenda não são de agora e nem causados apenas por divergências econômicas, mas fruto de uma disputa interna no PT e de um relacionamento que nunca foi amigável nos bastidores, e novos capítulos devem voltar. O apoio do presidente à proposta dos combustíveis, no entanto, foi um ganho estratégico de Haddad.

Logo depois do anúncio da proposta, na terça-feira, Gleisi, mais uma vez no Twitter, elogiou a solução, mas creditando-a apenas ao presidente Lula. Coube ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha - que tem uma relação próxima a Haddad - lembrar que a proposta foi feita pela Fazenda.

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"Ao adotarmos essa linha (da reoneração diferenciada) sob liderança do presidente Lula e do ministro Haddad, quem sai vitorioso é o povo brasileiro", escreveu Padilha.

Em entrevista ao portal Uol, nesta quarta, Haddad minimizou os conflitos com Gleisi. Disse que a presidente do PT é uma pessoa de "opiniões fortes", mas lembrou que ela elogiou a medida depois de publicada.

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"O importante é que ela defendeu a decisão do presidente Lula. Era o que eu esperava da parte dela, que é uma pessoa que tem opiniões fortes, mas que sabe que a decisão final, quem arbitra os conflitos de posições dentro do governo e fora do governo, é o presidente Lula", afirmou Haddad.

Em entrevista ao portal Metrópoles na quarta, foi a vez de a petista contemporizar, dizendo que o ministro estava "correto em seu papel" de mediação com o mercado.

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RUÍDOS

Apesar da solução encontrada pela equipe econômica ter sido elogiada dentro e fora do governo, a taxação da exportação dos combustíveis - criada para compensar em parte a perda da arrecadação com um imposto menor na gasolina e no etanol - criou algum ruído de outros setores de exportação, que temem ser alvos de medidas semelhantes.

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De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, não há esse risco e não existe a intenção de sair taxando exportadores. O caso dos combustíveis, explicou, é pontual. A taxação nesse caso não tem a chamada noventena - quando é preciso 90 dias para o imposto ou contribuição entrar em vigor -, e não afeta o consumidor, apenas as empresas, que já tem um lucro significativo.

"É normal as empresas reclamarem, mas no cenário da indústria de combustíveis hoje no país é o menos ruim", disse a fonte.

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