General que comanda Petrobras diz que vai manter política de preços abusivos em 2022, ano eleitoral

"A política de preços não vai caminhar ao sabor das eleições, nossa política de preços está muito bem consolidada", afirmou Silva e Luna

Presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna
Presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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RIO DE JANEIRO (Reuters) - O calendário eleitoral de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro tentará a reeleição, não vai influenciar a política de preços de combustíveis da Petrobras, disse o presidente da companhia, o general da reserva Joaquim Silva e Luna.

Em entrevista à Reuters, ele afirmou que a política da empresa para os preços dos derivados de petróleo está consolidada e cada vez mais clara para a sociedade, o que ele acredita deverá blindar a estatal de pressões políticas.

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A regra da paridade de importação, que leva em conta fatores como o câmbio e a cotação do petróleo Brent, recebeu duras críticas em 2021, ano marcado por expressivos aumentos de gasolina e diesel. Mas Luna e sua gestão reafirmaram, por diversas vezes, as principais diretrizes, ainda que a empresa tenha evitado repassar as volatilidades conjunturais dos mercados aos preços.

"A política de preços não vai caminhar ao sabor das eleições, nossa política de preços está muito bem consolidada", afirmou Luna, nesta quinta-feira.

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"Estamos toreando os preços num espaço maior sem ficar flutuando, mas a tendência continua sendo manter a política com referências como mercado, importação e câmbio, que pressionou muito este ano", adicionou.

O preço médio do diesel da Petrobras em suas refinarias registra alta de 65% no acumulado do ano, com o último reajuste tendo sido realizado no final de outubro.

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Já o valor médio da gasolina da petroleira estatal acumula alta de 68% neste ano, após uma ligeira redução aplicada neste mês, segundo dados da companhia compilados pela Reuters

O petróleo Brent, por sua vez, avançou mais de 50% desde o início do ano, enquanto o dólar se valorizou mais de 7% ante o real, marcando o quinto ano de ganhos.

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As cobranças muitas vezes vieram do próprio presidente Jair Bolsonaro, que chegou a defender mais de uma vez a privatização da empresa, apontando que a companhia só atenderia aos acionistas.

Ao ser questionado se a estatal poderia ajustar preços às vésperas da eleição, para eventualmente manter sua política, Luna garantiu que a petroleira manterá a coerência para garantir a credibilidade.

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"As decisões na empresa sobre preços são técnicas para cima ou para baixo. Precisa ser assim para empresa não perder credibilidade, e a empresa tem governança e credibilidade."

A insatisfação sobre preços de combustíveis causou a mudança no início do ano no comando da Petrobras. Luna foi então escolhido por Bolsonaro para assumir a vaga do economista Roberto Castello Branco.

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O CEO classificou 2021 como um ano "complexo" com altas no Brent, mudanças de direção e conselho "com o avião em pleno voo e tendo que abastecer".

Mas disse que as metas e objetivos foram atingidos tanto em redução da dívida da companhia quanto na estratégia de desinvestimentos.

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A Petrobras anunciou em novembro uma revisão em sua política de remuneração aos acionistas, estabelecendo um nível mais flexível de endividamento para o cálculo dos pagamentos, que deverão ocorrer trimestralmente. Isso ocorreu após a empresa alcançar antecipadamente sua meta de endividamento bruto de menos de 60 bilhões de dólares, originalmente previsto para 2022.

A ação preferencial da Petrobras está sendo negociada um pouco abaixo dos maiores patamares desde 2008, registrados mais cedo neste mês. Nesta quinta-feira, o papel foi negociado a cerca de 28,51 reais, com alta de quase 20% em 2021.

"Continuaremos focados na gestão de portfólio, mas sabemos das dificuldades típicas de um ano de eleição", comentou.

Entre as grandes apostas da empresa em termos de vendas de ativos, estão as refinarias. Até o momento, a companhia negociou três unidades, de oito que colocou no plano de desinvestimentos.

Duas refinarias, a Repar e Refap, dificilmente serão vendidas antes das eleições de 2022, segundo afirmou um executivo.

Com empresa mais robusta e saudável, o executivo espera que 2022 seja uma ano marcado por manutenção do endividamento sob controle, possível pagamento de mais dividendos, continuidade do programa de venda de ativos e investimentos pesados no pré-sal e em áreas como bacia de Campos e margem equatorial.

"Vamos focar ainda mais no pré-sal... olhar para margem equatorial e ainda estamos aguardando Ibama para começar a fazer perfurações por ali... pode ser uma nova área do pré-sal", afirmou.

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