Fragilizada, Gafisa é vista como potencial alvo de aquisição
Empresa enfrenta alta de custos e projeto problemticos da Tenda
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Com margens pressionadas pela alta de custos e ainda envolvida em projetos problemáticos herdados da Tenda, a Gafisa está entre os nomes do setor que mais perdeu valor de mercado em 2011. Nesse contexto, a empresa
começa a ser considerada um ativo barato, o que estaria atraindo a atenção de concorrentes em busca de consolidação.
Entre os principais interessados estariam PDG Realty e Cyrela Brazil Realty.
Não há informações concretas sobre uma potencial aquisição ou fusão, mas é certo que o principal atrativo em uma incorporação da empresa seria a possibilidade de maximizar a carteira de imóveis e reduzir custos. "Apesar de considerar um fator secundário, a marca Gafisa também é um nome consolidado e que tem seu valor no mercado", acrescenta Fausto Gouveia, economista da Legan Asset, ao considerar remota a possibilidade de um grupo de minoritários se unir para assumir um assento no conselho e tentar ganhar maior poder de decisão dentro da companhia.
De capital pulverizado, com free float de quase 100%, a empresa tem entre seus acionistas as gestoras Rio Bravo, Polo Capital, Franklin Resource, Vanguard Group, BlackRock, entre outros.
De acordo com alguns analistas, um dos sinais de que as coisas ainda podem "piorar mais um pouco antes de melhorar" está nas provisões para contingências da empresa relacionadas a atrasos na entrega de projetos da Tenda e processos trabalhistas. No primeiro trimestre deste ano a incorporadora reservou R$ 5 milhões para esse fim. O montante, entretanto, subiu para R$ 11,5 milhões no segundo trimestre, indicando que as contingências podem preocupar um pouco mais até o final do ano.
Além de números operacionais fracos e abaixo do esperado pelo mercado, a redução da meta de margem Ebitda da companhia em 2011, que passou de 18%-22% para 16%-20% e o crescente endividamento têm penalizado os papéis da empresa no mercado de ações. O estoque de unidades prontas, que tem crescido trimestre após trimestre, completa a lista de preocupações.
Resultado desse cenário, em meados de agosto no auge da crise financeira internacional quando a S&P rebaixou o rating da dívida norte-americana, a Gafisa acumulava perda de quase metade do seu valor de mercado. Mas pelo fechamento de terça-feira (06), essa perda diminuiu para 35% no ano com a Gafisa avaliada em R$ 3,365 bilhões. A empresa iniciou 2011 valendo R$ 5,188 bilhões, conforme dados da consultoria Economatica.
Para Gouveia, da Legal, os atrasos na entrega e a consequente revisão do guidance pesaram bastante nas recentes decisões da companhia, inclusive administrativas. Em maio, em meio aos resultados decepcionantes, Wilson Amaral passou o posto de diretor-presidente para Alceu Duílio Calciolari, executivo que respondia pela Diretoria Financeira e de Relações com Investidores da companhia.
Maior desafio será reduzir endividamento
Conforme os analistas do setor, uma das metas da Gafisa mais difíceis de cumprir será a de endividamento. A companhia encerrou o segundo trimestre com uma relação dívida líquida/patrimônio líquido de 75,1%, mas espera chegar em dezembro com um coeficiente próximo de 60%. Para Guilherme Rocha e Daniel Gasparete, analistas do Credit Suisse, a alta alavancagem é a principal preocupação dos investidores no momento e um bom resultado operacional ou o cumprimento da meta de lançamentos poderia acrescentar muito pouco ao sentimento do mercado sobre a ação no curto prazo.
Recentemente, o Credit revisou suas projeções para a companhia, ao incorporar os resultados do segundo trimestre e novas estimativas macroeconômicas em seu modelo de negócios. O banco de investimentos também reduziu as estimativas de margens para a empresa, após o corte do guidance, ao considerar a medida um sinal claro de que todos os esforços da incorporadora devem ser concentrados no controle da alavancagem durante o resto do ano.
A atual situação também levou o Credit a cortar as estimativas de lucro por ação para a incorporadora neste ano e no próximo em 23% e 25%, respectivamente. Ao mesmo tempo, o banco manteve o rating "neutro" para as ações, mas reduziu
a estimativa de preço-alvo de R$ 11,00 para R$ 10,00. (Fabiana Holtz)
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