Fragilidade monetária e impasse europeu

Ninguém duvida que o futuro amargará resultados desconfortáveis, fragilizando ainda mais o euro, trazendo entrechoque entre a realidade política e aquela de natureza econômica



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A perspectiva que culminou com a unificação europeia resultou de elaboração de um tratado para regularizar as relações e, ao mesmo tempo, permitir o convívio sem que a soberania e a autonomia fossem prejudicadas.

Longos anos foram dispendidos para que se chegasse a um consenso, abrigando mais de 20 países em torno da moeda única e da situação convergente no sentido das relações comerciais, diplomáticas e, notadamente, financeiras.

Entretanto, e aqui repousa o cerne da questão, qual teria sido o motivo pelo qual, aparentemente, o projeto do Euro teria soçobrado, apresentando, em decorrência, grave fragilidade monetária, gerando impasse no continente europeu.

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Houve falta de fiscalização, de controle e, sobretudo, supervisão, comprovando-se, mais uma vez, que a homogeneidade de países heterogêneos não pode prosperar e, muito menos, apoiar-se na aquisição e lançamento de bônus, ou na eterna dependência do Banco Central Europeu.

Ninguém duvida que o futuro amargará resultados desconfortáveis, fragilizando ainda mais a moeda, trazendo entrechoque entre a realidade política e aquela de natureza econômica.

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Com efeito, quando o corporativismo despenca as finanças estatais, as grandes corporações dominam e suas injunções tornam os governantes reféns de boas políticas públicas.

Desconhece-se, na realidade, se os países mais atingidos, a exemplo da Grécia, Portugal, Espanha e Itália contarão com a mão estendida de parceria da França e, principalmente, da Alemanha.

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A principal lição que se tira desse retrato é que vivemos a falência da falência, ou seja, total indefinição de políticas públicas e o descontrole desmesurado, afetando, inclusive, os BRICs.

Diante desse quadro sombrio, poucos ganham, pelo aumento e elevação do grau de estabilidade dos títulos públicos, sendo que a Alemanha, no período, apresentou superávit superior a 20 bilhões de euros, mas o principal elemento da questão é saber partilhar os prejuízos entre todos os países irmãos, tornando-se muito mais fácil compartilhar o lucro daqueles que estão em situação privilegiada.

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Verdadeira calamidade que se alastrou por toda a Europa e contaminou os mercados, a exemplo do que aconteceu na bolha hipotecária americana, reflexo disso, os países emergentes, dentre os quais o Brasil, ainda está sendo instado pelo FMI para colaborar em momento decisivo mediante aporte de seguros.

Anos atrás, o Brasil batia regularmente na porta do FMI, que determinava políticas recessivas e contrárias ao crescimento e desenvolvimento. Hoje ele nos visita, pela sua presidenta, estendendo o chapéu, a fim de que o País colabore para a solução do impasse europeu.

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Temos para nós que as entidades internacionais, principalmente aquelas nascidas pós Segunda Guerra, exauriram suas funções, essencialmente o FMI, o Banco Mundial, o BIRD, as agências de investimentos e, sobretudo, aquelas de rating.

Oxalá a crise anunciada e diagramada possa disseminar seus efeitos, destruindo a falsa imagem da riqueza globalizada, reconstruindo os pilares da verdadeira sociedade produtiva, e não exclusivamente financeira.

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Erro, ingenuidade, ou até mesmo má avaliação foi pensar que a unificação da moeda traria lições de simetria numa economia assimétrica, daí porque o mundo paga a conta dessa grave imperfeição, e as economias mais fortes, surpreendentemente, de um momento para o outro, tornaram-se instáveis.

Qualquer que seja a alternativa que advirá, uma coisa é absolutamente certa: a Europa demorará, no mínimo, uma década para recuperar sua grandeza, pujança e, mais do que isso, autoconfiança.

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Diríamos, sem medo de errar, que o momento da déblâcle econômica é muito mais agudo e delicado do que o pós Guerra, pois ali todos estavam renascendo das cinzas, enquanto que, agora, ninguém sabe se haverá sobrevivente para o caos da globalização.

Carlos Henrique Abrão é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo

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