Felipe Coutinho: 'números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos da Petrobrás'

De acordo com o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, em 2021 e 2022, "houve aumento de 64 vezes do pagamento de dividendos em relação ao investimento anual"

Petrobrás e Felipe Coutinho
Petrobrás e Felipe Coutinho (Foto: Agência Brasil)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Felipe Coutinho, reforçou que a estatal não pode diminuir investimentos para o pagamento de dividendos (divisão do lucro da empresa entre acionistas). "Em 2021 e 2022 a razão média entre os dividendos pagos e o investimento líquido foi de 804%, enquanto entre 2005 e 2020 foi de 12,7%, em termos médios. Ou seja, houve aumento de 64 vezes do pagamento de dividendos em relação ao investimento anual", disse.

"Os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas", acrescentou.

continua após o anúncio

>>> "Lula está certo e o Globo errado": Gleisi rebate editorial do jornal que visa manter Petrobrás a serviço de acionistas privados

O posicionamento da associação foi emitido em um contexto no qual os preços de combustíveis têm sido um dos principais temas na área econômica da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nessa quinta-feira (2), o presidente Petrobrás, Jean Paul Prates, afirmou que o Preço de Paridade de Importação (PPI) não será a única referência para a definição dos valores de produtos vendidos no mercado nacional. 

continua após o anúncio

O governo federal anunciou a volta de impostos federais e, para evitar um reajuste muito alto, a petrolífera disse a redução de 3,92% no preço da gasolina. A administração de Lula anunciou na terça-feira (28) que vai criar um imposto temporário sobre a exportação de petróleo cru para que a taxação sobre o combustível não seja completamente repassada ao consumidor.

Leia a nota da AEPET: 

Em outubro do ano passado escrevi “Insustentáveis Dividendos Pagos pela Atual Direção da Petrobrás”. [1] Demonstrei que foram a redução dos investimentos, a níveis insuficientes para manter reservas e produção de petróleo, as vendas de ativos rentáveis, estratégicos e resilientes à queda do preço do petróleo e seus preços conjunturalmente altos, que possibilitaram pagamentos de dividendos altos e insustentáveis pela direção da Petrobrás em 2021 e 2022. Aqui reitero essas conclusões a partir do resultado consolidado de 2022.

Redução dos investimentos para maximizar pagamento de dividendos

A Tabela 1 apresenta, em dólares estadunidenses (US$), os Dividendos Pagos e o Investimento Líquido, sendo este último a soma das aquisições de ativos imobilizados e intangíveis, reduções (adições) em investimentos e investimentos em títulos e valores mobiliários, descontado do recebimento pela venda de ativos (desinvestimentos). [2]

continua após o anúncio
tabela
Foto: Divulgação

Em 2021 e 2022 a razão média entre os dividendos pagos e o investimento líquido foi de 804%, enquanto entre 2005 e 2020 foi de 12,7%, em termos médios. Ou seja, houve aumento de 64 vezes do pagamento de dividendos em relação ao investimento anual.

Os lucros e dividendos distribuídos hoje, são resultados dos investimentos realizados no passado. É evidente que elevar a distribuição dos dividendos, em detrimento dos investimentos, comprometerá o resultado futuro.

>>> 'Ponte para o Futuro' atrasou obras do MCMV em anos, aponta Lula

Os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas.

Além de analisar os resultados históricos da Petrobrás é necessário comparar suas políticas de investimentos e de distribuição de dividendos com as de outras grandes companhias petrolíferas integradas.

A Tabela 2 apresenta os dados consolidados de 2022 da Petrobrás e de grandes petrolíferas listadas em bolsas. [2] [3]

continua após o anúncio
tabela-dois
Foto: Reprodução

Em 2021 e 2022 a razão média entre os dividendos pagos e o investimento líquido foi de 804%, enquanto entre 2005 e 2020 foi de 12,7%, em termos médios. Ou seja, houve aumento de 64 vezes do pagamento de dividendos em relação ao investimento anual.

Os lucros e dividendos distribuídos hoje, são resultados dos investimentos realizados no passado. É evidente que elevar a distribuição dos dividendos, em detrimento dos investimentos, comprometerá o resultado futuro.

>>> Juscelino contraria determinação de Lula e recontrata bolsonaristas para o Ministério das Comunicações

Os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas.

Além de analisar os resultados históricos da Petrobrás é necessário comparar suas políticas de investimentos e de distribuição de dividendos com as de outras grandes companhias petrolíferas integradas.

A Tabela 2 apresenta os dados consolidados de 2022 da Petrobrás e de grandes petrolíferas listadas em bolsas. [2] [3]

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247