Falências públicas e crises empresariais

Não nos esqueçamos de que as reservas superiores a 300 bilhões de dólares são pequenas se comparadas com países como a China



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O mundo vive um delicado momento de sua história representado pela falência pública ladeado de graves crises empresariais.

Ninguém, por mais que tente, conseguirá compreender o motivo dessa derrocada rápida e surpreendente.

A Europa mostra profundos sinais de recessão e os Estados Unidos patinam na dívida pública e sofrem os percalços da crise bancária e hipotecário de 2008.

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Essa assimetria é fruto do domínio corporativo sobre o Estado que não teve competência nem vocação para fiscalizar e hoje experimenta um caos generalizado.

Muito embora a unificação européia pudesse ser uma solução, na verdade constituiu-se em sério problema, em razão das diferenças locais e regionais e a enorme percepção de crescimentos distintos entre os Países.

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Que rumo programaremos para o futuro, é difícil prever, mas temos que elaborar uma legislação que cuide com precisão das falências públicas.

Hoje o Brasil já vive o default, mediante precatórios, e a Emenda Constitucional nº 62/2010, tudo é imprevisível e a era da incerteza toma corpo no cenário mundial.

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Uma legislação que cuidasse das falências dos estados, da dívida pública seria muito bem aceita, uma verdadeira inovação no quadro e a perspectiva de recuperação daqueles que pudessem e tivessem capacidade de reduzir os custos da máquina e imprimir seriedade ao dinheiro público.

Uma série de fatores aumentou a responsabilidade dos Estados, não aquela do Welfare State, mas sim a modelação ao padrão dos indivíduos e do interesse coletivo, de conotação difusa.

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Ao lado disso, as empresas passam por uma crise inesgotável, falta de mercados, competição acirrada, tributação irracional, sucateamento dos maquinários e todos os outros meios que perturbam o dia a dia, a rotina do negócio.

Se de uma forma a introdução de uma lei que disciplinasse os estados falimentares dos entes públicos viria a abrandar a voracidade do lucro fácil, de qualquer sorte temos que tratar de um mecanismo convergente e simétrico.

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Empresas e Estados se movem no cenário como agentes do desenvolvimento e primam, ou devem privilegiar o crescimento sustentável.

No entanto, o que notamos é um descompasso total e uma assimetria que foi capaz de pulverizar, em poucos dias, dez trilhões de dólares do mercado bursátil.

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Ao que tudo indica ficamos imóveis, estáticos, sem reação, talvez pela incredulidade, muitas vezes pela desconfiança, mas também por não sabermos o que fazer nestes áridos momentos de crise.

Diríamos que um 29 muito pior, já que naquela fase do começo do século XX a economia era diminuta se comparada com o bosquejo contemporâneo.

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As empresas cresceram acentuadamente e os Estados endividaram-se mais ainda, tudo descontrolada e estapafurdiamente.

Resultado, uma crise monstruosa, não se paga a dívida pública, e aquela das empresas hospedadas em tributos não se soluciona.

Uma idéia seria a criação de um pregão no qual fossem negociados ambos os títulos com deságio e se acabasse, em definitivo, com o mecanismo do precatório.

Entretanto, a par desse ponto de vista, não nos esqueçamos que as reservas superiores a 300 bilhões de dólares são pequenas se comparadas com países como a China e EUA.

Uma nova rodada de negociação é fruto da estabilidade da moeda e da segurança entre os países, na medida em que alguns se julgam mais fortes do que os outros, todos tendem a perder e sair frustrados.

A retomada do diálogo sadio e transparente se faz por intermédio de uma legislação internacional que disponha sobre o estado falimentar da entidade pública e seu viés recuperacional, isso seria um passo importante no encaminhamento da questão, haja vista que o FMI fracassou no seu intento e os Bancos Mundiais não foram capazes de exterminar as desarmonias entre as economias unificadas ou não.

Precisamos urgentemente distinguir a economia pública em crise da empresa privada endividada, ambos os casos e circunstâncias rompem com a normalidade e situam uma desproteção à cidadania.

Desembocasse no caos social com a falência, o desemprego e a exclusão total, quando o papel maior do estado é reduzir as diferenças e prestigiar a distribuição da renda.

O momento é de reflexão, mas, sobretudo, de ação, as Nações desenvolvidas deveriam ao invés de se refestelarem nos G8 e G20 que nada de prático nos trouxeram, marcar uma assembléia geral e nela serem discutidos todos os aspectos de retomada do crescimento e do desenvolvimento,mediante um plano de acerto da dívida pública e incentivo à iniciativa privada.

Do contrário teremos um Estado nanico, incapaz de pagar suas dívidas e empresas endividadas no estado falimentar mais desafiador e sem credibilidade junto ao mercado.

A revisão do modelo pede uma legislação que contemple a recuperação e a falência das entidades públicas, o aspecto da administração e o intercâmbio com a crise das empresas privadas, pois se não conseguirmos solucionar ambos os lados, o futuro será sombrio e as esperanças de muitas gerações estarão destruídas.

Aos homens de bom senso e aos lideres competem já uma reviravolta na globalização, na assimetria e na perda de fiscalização, a fim de que tratemos com seriedade e responsabilidade da dívida pública e da crise da empresa privada.

Com tal visão macro e deixados de lados os aspectos negativos que contaminaram os mercados, teremos luzes no final do túnel.

Carlos Henrique Abrão

Magistrado TJSP

Doutor USP

Especialização em Paris

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