Ex-presidente da Petrobrás diz que Bolsonaro é 'pouco dotado de conhecimento' e que dividendos são intocáveis

Castello Branco, demitido em meio à escalada dos preços dos combustíveis, reconheceu que a Petrobrás serve aos acionistas privados

Roberto Castello Branco
Roberto Castello Branco (Foto: Reprodução/TV Cultura)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - O ex-presidente da Petrobrás Roberto Castello Branco disse que chegou a ignorar mensagens enviadas por Jair Bolsonaro (PL) que questionavam os aumentos no preço dos combustíveis praticados pela estatal, afirmou que o atual ocupante do Palácio do Planalto é “dotado de pouco conhecimento” e defendeu os altos lucros da estatal em prol dos acionistas privados da companhia. 

As declarações de Castello Branco foram feitas durante entrevista no programa Roda Vida, da TV Cultura, nesta segunda-feira (28), mesmo dia em que o atual presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna, foi informado de que teria que entregar o cargo. O comando da Petrobrás deverá passar para o economista Adriano Pires, que já defendeu a privatização da empresa. Castello Branco foi afastado do cargo no ano passado após Jair Bolsonaro se mostrar insatisfeito com os reajustes efetivados pela Petrobrás.

continua após o anúncio

“As pressões se fazem na forma de recados, mensagens (...) mas continuei fazendo o que achava certo, para desgosto de alguns. [O presidente Jair Bolsonaro] chegou a me mandar mensagens e eu simplesmente não atendia. Eu fornecia informações ao ministro Bento [Albuquerque, de Minas e Energia] sobre os preços estarem subindo", disse Castello Branco, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, sobre as pressões do Planalto.

Ele também definiu Bolsonaro como "uma pessoa humilde, realmente pouco dotada de conhecimentos". "Ele delegou ao Paulo [Guedes] vários ministérios, mas gradualmente, ao longo de 2019, veio aflorando o populismo", observou. O ex-presidente da estatal ressaltou, ainda, que o novo dirigente deverá ser alvo de pressões. "O presidente da República chega e muda tudo (...) a única questão é o custo político". “A Petrobras é uma empresa de economia mista. Essa é uma situação insustentável em que ela tem de servir a dois senhores: o governo e os acionistas privados”, destacou mais à frente. 

continua após o anúncio

Na entrevista, Castello Branco também se mostrou contrário à criação de um fundo de estabilização de preços de combustíveis como proposto por Adriano Pires. "É um problema administrativo, já que o dinheiro é administrado pelo governo. Os recursos, muitas vezes, não vão para a destinação, surgem problemas sérios. São problemas paliativos que não resolvem”, resumiu. 

Ainda segundo ele, o correto seria a realização de uma ampla reforma fiscal, “mas gastamos com crédito tributário, bilhões em emendas do relator. O Congresso aloca muito mal os nossos recursos". 

continua após o anúncio

Ele ainda demonstrou como a Petrobrás atualmente atua para favorecer seus acionistas e proteger seus dividendos. "Para as pessoas pobres, que o governo, e não a Petrobras, faça um programa no estilo auxílio gás. Mas não com os recursos da companhia, não financiar com os recursos dos dividendos. Por que não tirar dinheiro das emendas de relator, do fundão eleitoral para subsidiar para os mais pobres?", questionou.

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247