EUA brincam com fogo e queimam investidores

Cresce o risco de calote americano; Barack Obama no convence republicanos a aumentar limite de endividamento; presidente do Fed, no Congresso, diz que nada pode fazer; bolsa brasileira cai: pas tem mais de US$ 200 bi em ttulos americanos



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Marcio Kroehn_ 247 - O comportamento dos Estados Unidos nesses últimos dias lembra o do Brasil nos anos 1980: presidente implorando auxílio, proximidade de calote no pagamento da dívida e crise econômica, com desemprego e inflação. Mas a situação americana em 2011 tem uma consequência muito mais grave. Se a maior economia do mundo cumprir todas as ameaças, a possibilidade de um mergulho para uma grave crise global ocorrerá em questão de dias. Por isso, o presidente Barack Obama tem pedido para os políticos do partido republicano esquecerem as diferenças e focarem no aumento do teto do endividamento do país. Ben Bernanke, presidente do Fed, o banco central americano, afirma que é preciso fazer de tudo para evitar que os EUA entrem em moratória. A nova presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse que não imagina o estrago que esse comportamento dos EUA pode causar.

No Brasil, as consequências serão gigantescas. A bolsa de valores já sente o mau humor dos investidores globais com os ativos de risco. A tensão diária dos principais índices mostra que a confiança na valorização das ações é baixa. Nesta quinta-feira 14, por exemplo, o Ibovespa fechou em queda de 1,63%, aos 59.679 pontos. Ao descer da linha limite dos 60 mil pontos, a bolsa entra naquilo que os analistas chamam de “terreno escorregadio”: as empresas têm fundamentos, como bons resultados financeiros, que permitiriam a valorização de suas ações, mas as forças econômicas vencem e provocam a desvalorização geral do mercado. É o temor de que o mergulho em forma de W fazia sentido e o mundo estaria iniciando seu caminho pela segundo perna da letra. Portanto, se você for um investidor de ações, fique muito atento às notícias dos EUA nos próximos dias. São elas que vão indicar o caminho a seguir com o seu dinheiro, principalmente se vale a pena mudar para a renda fixa.

As queimaduras no bolso dos investidores, que já está pegando fogo, podem se alastrar para toda a economia brasileira. Se o Congresso americano insistir em não ouvir os pedidos de Obama e Bernanke, o Brasil será um dos principais países a perder dinheiro com a crise dos EUA. De acordo com os dados do Tesouro Americano, o País é o quinto maior credor, com US$ 206,9 bilhões (R$ 351,7 bilhões) em títulos públicos do governo. Isso equivale a, aproximadamente, 9,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ou mais de duas vezes o crescimento projetado para os próximos dois anos. Na crise mundial que começou em 2008, o mundo descobriu fórmulas para salvar as instituições financeiras, mas esqueceu de proteger os países de uma quebra em efeito dominó.

continua após o anúncio

O que faz o mundo tremer, porém, é sentir que a proximidade de uma moratória americana está próxima. A divulgação de que a agência de classificação de risco Moody’s colocou a nota dos EUA em revisão significa que o altíssimo grau de confiabilidade no pagamento da dívida já não é mais o mesmo. A responsabilidade de Obama, dos Congressistas e dos principais agentes econômicos dos Estados Unidos é gigantesca. Eles podem apagar esse princípio de incêndio ou jogar gasolina na chama que já está se alastrando.

No meio da tarde desta quinta-feira, houve uma trégua do Congresso com o presidente Obama. Um acordo preliminar foi divulgado: a Casa Branca fará US$ 1,5 trilhão em cortes (que não foram especificados). "A Casa Branca deixou claro numa apresentação ontem que há cortes significativos, de US$ 1,5 trilhão, com os quais todos podem concordar", afirmou Jay Carney, porta-voz do governo. Ainda com pouca clareza sobre o que será feito para salvar a economia americana, as bolsas mundiais não alteraram seu rumo de queda. O Brasil fechou no vermelho, assim como a Europa – França (-1,1%), Alemanha (-0,73%) e Inglaterra (-1%) – e os EUA: Nasdaq (-1,22%), Dow Jones (-0,44%) e S&P 500 (-0,67%).

continua após o anúncio

 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247