Entenda por que o Credit Suisse fez o mercado de ações global despencar

O movimento do banco suíço veio após dois bancos norte-americanos quebrarem. Veja a situação de cada uma das três instituições e possíveis impactos no sistema bancário brasileiro

Credit Suisse
Credit Suisse (Foto: Reuters)


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247 - O banco suíço Credit Suisse foi informado que seu principal acionista, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, não vai apoiar a instituição com um aumento de sua participação no capital. As ações do Credit Suisse caíram quase 25% nesta quarta e trouxeram temores ao mercado sobre uma situação generalizada de crise bancária internacional. Na última sexta-feira (10), foi anunciada a quebra do banco norte-americano Silicon Valley Bank (SVB). Dois dias depois, teve falência decretada outro banco dos EUA, o Signature Bank, com sede em Nova York. As bolsas de Londres (Inglaterra), Frankfurt (Alemanha), Paris (França), Milão (Itália) e Madri (Espanha) caíam mais de 2%.

De acordo com pessoas do ramo financeiro, a quebra do SVB foi consequência de uma corrida por saques na instituição. O banco havia liquidado posições em fundos federais com prejuízo. 

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Bancos protegem os depósitos de seus clientes até US$ 250 mil dólares. A maioria dos clientes do SVB tinha quantias maiores, porque o banco era especializado em startups e pequenos negócios. Com o cenário incerto sobre o que poderia acontecer com esses clientes, eles migraram para bancos maiores.

No caso do Signature, o problema é sobre perdas com a queda das criptomoedas no ano passado.

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Credit Suisse

Além do Credit, concorrentes europeus viram as ações despencarem nesta manhã, também acima dos 10%. De acordo com o portal G1, analistas entendem que o movimento internacional não deve ter efeitos diretos para os bancos brasileiros.

O Credit Suisse informou nesta terça-feira (14) que a saída de clientes no quarto trimestre retirou do banco 110 bilhões de francos suíços (US$ 120 bilhões). Desde março de 2021, as ações do banco desvalorizaram 80,41%, segundo dados da SIX Swiss Exchange, principal bolsa de valores da Suíça.

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De acordo com Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, o Credit é um dos cinco maiores bancos da Europa e sua insolvência poderia ter grandes impactos no sistema financeiro.

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"Apesar do SVB também ser um banco grande, sua exposição estava concentrada em um setor e suas perdas se tratam, sobretudo, de marcação a mercado de títulos públicos. O Credit Suisse é um banco muito maior e suas perdas são mais complexas, gerando dúvidas sobre a capacidade do governo suíço em 'salvá-lo' dessa situação", afirmou Novaes, da Terra Investimentos.

"Tendo em vista que seu fechamento daria início a uma série de eventos de grande prejuízo para o sistema financeiro e economia global, houve um aumento significativo do receio entre os investidores", acrescentou.

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Segundo analistas, outra preocupação viria em possíveis efeitos da quebra do banco suíço em um contexto no qual grandes economias têm subido taxas de juros para tentar segurar a inflação. Quando a taxa de juros aumenta, o crédito fica mais caro, as pessoas têm menos dinheiro para gastar e, como consequência, os preços param de subir.

Economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, afirmou que o Banco Central Europeu "também enfrenta uma inflação persistente e o que pesa é que, ao mesmo tempo em que, por um lado, há um cenário que pressiona os banqueiros centrais a subir juros, por outro há uma instabilidade financeira que pede um corte de taxas".

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"Então, imagino que o BCE deve fazer algo muito parecido com o que o Fed tem feito, de assegurar que qualquer eventual dificuldade que possa existir, como uma possível corrida bancária e um aumento de pedidos de retirada, serão garantidas pelo próprio banco central. É o que chamamos de emprestador de última instância: no limite da situação, o BC vai lá e honra os depósitos", acrescentou, reiterando que uma solução privada, como um eventual aporte de capital, não é descartada.

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Bancos brasileiros

Economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, disse que "o nosso sistema financeiro (Brasil) é muito robusto, com um grau de alavancagem muito menor para os bancos". "Aqui, então, o problema é mais indireto, mais no sentido de afetar preços de ativos, com um dólar mais forte, commodities em queda e bolsa caindo", disse.

Estrategista de ações da XP Investimentos, Jennie Li, disse queontem [terça] vimos uma recuperação de ações de bancos americanos regionais, que tiveram uma queda muito forte na segunda-feira". "Hoje, esse setor bancário volta a ser pressionado".

Mas a analista que as ações do Credit Suisse foram motivo de preocupação entre investidores em nível global. "Há o medo de que gere algum contágio também para outros setores ou mesmo para os grandes bancos americanos", afirmou. "Na nossa opinião, quando olhamos para os indicadores do setor, os bancos continuam com níveis de indicadores bastante saudáveis. A percepção é que SVB e Credit Suisse são eventos específicos. Mas, mesmo assim, o mercado volta a se preocupar com isso", disse Li.

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